Cientistas de diversas instituições ao redor do mundo identificaram milhares de genes ocultos no DNA humano, desafiando décadas de interpretações sobre as chamadas regiões não codificantes, antes conhecidas como “DNA lixo”. O estudo, cujos resultados preliminares foram divulgados na plataforma bioRxiv, propõe uma nova visão sobre áreas que, até então, eram consideradas inativas ou irrelevantes.
Embora esses genes codifiquem proteínas menores do que a média, conhecidas como miniproteínas, elas desempenham funções fundamentais, especialmente no sistema imunológico e no desenvolvimento de câncer. A pesquisa, liderada por um consórcio internacional, analisou 7.200 conjuntos de genes em regiões pouco exploradas do DNA, revelando a existência de cerca de 3 mil novos genes com potencial para codificar essas microproteínas.
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Por muito tempo, as áreas não codificantes do genoma foram classificadas como “ruído biológico”. Contudo, estudos recentes têm demonstrado que essas regiões são cruciais para diversas funções do organismo. Entre os avanços está a pesquisa do neuro-oncologista John Prensner, da Universidade de Michigan, que identificou 550 microproteínas associadas a células cancerígenas, reforçando a relevância dessas estruturas na biologia humana.
As novas descobertas abrem caminho para uma reformulação no entendimento do genoma humano. Atualmente, o número oficial de genes é estimado em 20 mil, mas os pesquisadores acreditam que o total real pode ultrapassar 50 mil. Ainda que projeções mais otimistas apontem para a existência de até 100 mil genes, essa hipótese é vista com cautela pela comunidade científica.
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Com o avanço nas investigações, as miniproteínas podem transformar áreas da medicina, ampliando a compreensão de processos biológicos essenciais e permitindo o desenvolvimento de novos tratamentos para doenças complexas, como o câncer. Segundo os especialistas, compreender a funcionalidade dessas proteínas será vital para expandir os horizontes da ciência nos próximos anos.
As regiões antes negligenciadas do genoma humano não são mais um mistério absoluto. Agora, elas se apresentam como uma fronteira promissora para a biologia, desafiando conceitos tradicionais e oferecendo perspectivas para o futuro da pesquisa genética.