A Alemanha realizou uma cerimônia em Berlim para devolver cinco conjuntos de restos mortais de indígenas australianos, retirados durante o período colonial. O retorno das ossadas, pertencentes à comunidade da Ilha Ugar, no Estreito de Torres, representa um passo significativo no reconhecimento das injustiças históricas e no fortalecimento dos laços entre os dois países.
Os restos mortais, que estavam armazenados em museus de Berlim e Oldenburg por mais de 120 anos, foram levados da Austrália no século 19 como parte de práticas comuns da época, que incluíam a remoção de artefatos e ossadas de povos colonizados para estudos científicos.
Hermann Parzinger, presidente da Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano, destacou o impacto prejudicial dessas práticas. “Esses restos mortais foram tomados em um contexto de exploração colonial que ignorava os direitos e a dignidade dos povos indígenas”, afirmou. Ele ressaltou que o retorno é um símbolo de respeito e reparação pelos danos causados.
Para a embaixadora australiana na Alemanha, Natasha Smith, a devolução reflete o compromisso do governo australiano em recuperar a dignidade de seus povos originários. “A repatriação de restos ancestrais é uma prioridade para o nosso país. Mais de 1.700 conjuntos de ossadas já foram recuperados de vários países ao redor do mundo”, enfatizou.
Para a comunidade da Ilha Ugar, o retorno dos restos mortais vai além de um gesto diplomático: é um processo de cura cultural e emocional. Rocky Stephen, representante da comunidade, descreveu a cerimônia como um momento de dor e alegria ao mesmo tempo. “Esperamos 144 anos para que eles voltem para casa. Este é um passo essencial na reconciliação com nosso passado”, afirmou.
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A devolução é parte de um movimento global de restituição de artefatos e restos mortais a comunidades originárias, buscando reparar os danos causados por séculos de colonialismo. A iniciativa reforça a importância de reconhecer a história e promover a dignidade das culturas impactadas.
Este evento marca não apenas um avanço no diálogo entre Alemanha e Austrália, mas também uma reafirmação da necessidade de justiça histórica em escala global.