O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que Robert F. Kennedy Jr., indicado para liderar seu departamento de saúde, investigará possíveis relações entre vacinas e autismo. A proposta reacende uma polêmica amplamente refutada por especialistas ao longo dos anos.
Em entrevista à NBC, Trump justificou a necessidade de novas pesquisas com base no crescimento de diagnósticos de autismo entre crianças americanas. “Algo está errado. Há 25 anos, o autismo era praticamente inexistente. Hoje, os números são alarmantes”, afirmou. Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que, em 2020, uma em cada 36 crianças foi diagnosticada com autismo, comparado a uma em cada 150 em 2000.
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Robert F. Kennedy Jr. é conhecido por sua postura crítica às vacinas e já defendeu teorias que associam imunizações infantis a condições como o autismo. “Alguém precisa investigar isso”, declarou em entrevista no passado.
A ciência, no entanto, aponta outra direção. Pesquisas extensivas atribuem o aumento de diagnósticos a avanços na triagem e maior conscientização sobre o transtorno. Além disso, estudos concluem que fatores genéticos, ambientais e relacionados ao período pré-natal desempenham papéis determinantes no desenvolvimento do autismo.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) também descartou qualquer vínculo entre vacinas infantis, incluindo a tríplice viral, e o autismo. Essa falsa relação teve origem em um estudo descreditado de Andrew Wakefield, médico britânico que perdeu sua licença após ser acusado de má conduta ética e científica.
Apesar do consenso médico e da retração oficial da publicação científica que divulgou suas conclusões, a desinformação permanece viva e continua a alimentar o debate público. Trump, ao apoiar uma nova investigação, reacende uma controvérsia considerada encerrada pela ciência.