Nos Estados Unidos, uma mulher de 53 anos recebeu um rim de porco geneticamente modificado em um procedimento experimental realizado pela equipe do NYU Langone Health. O transplante marca um avanço significativo no campo dos xenotransplantes — cirurgias que utilizam órgãos de animais para salvar vidas humanas.
A paciente, Towana Looney, já havia doado um de seus rins há mais de 20 anos para sua mãe, sem imaginar que, décadas depois, enfrentaria problemas renais graves. Com a saúde debilitada e sem encontrar um doador compatível, ela foi selecionada para participar do estudo. Towana teve alta apenas 11 dias após a cirurgia e seguirá em acompanhamento médico regular.
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Este foi o terceiro transplante de rim de porco para um ser humano vivo, e a operação contou com avanços tecnológicos significativos. O órgão passou por 10 edições genéticas para minimizar riscos, como rejeição. Quatro genes específicos de porcos foram desativados, incluindo um ligado ao crescimento do órgão, enquanto seis genes humanos foram adicionados para facilitar a adaptação no corpo humano.
O diretor do NYU Langone Transplant Institute, Robert Montgomery, destacou a importância do procedimento: “O caso de Towana simboliza o progresso que estamos alcançando nos xenotransplantes e traz esperança para quem enfrenta insuficiência renal.”
A trajetória de Towana reflete um problema enfrentado por milhares de pessoas. Nos Estados Unidos, a escassez de doadores humanos deixa muitos pacientes na fila de espera por anos. No Brasil, o cenário é igualmente desafiador: mais de 45 mil pessoas aguardam um transplante, sendo cerca de 42 mil apenas para rins, segundo dados recentes do Ministério da Saúde.
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Os xenotransplantes têm o potencial de revolucionar o tratamento, oferecendo uma solução viável para reduzir filas e salvar vidas. Embora ainda em estágio experimental, os resultados iniciais com órgãos geneticamente modificados são promissores, tanto para rins quanto para corações de porco, que já foram transplantados em testes anteriores.
Apesar do otimismo, desafios permanecem. Atualmente, os órgãos transplantados de animais tendem a ter uma funcionalidade limitada no corpo humano. No entanto, os avanços na edição genética trazem esperança de que esses procedimentos possam se tornar comuns no futuro, beneficiando milhares de pessoas em todo o mundo.