Pesquisas recentes revelam que o aquecimento climático está alterando a forma física das aves australianas. Dois estudos da Universidade Deakin, liderados pela pesquisadora Sara Ryding, pelo professor Matthew Symonds e pela doutoranda Alexandra McQueen, acompanharam mais de 100 espécies de aves. Os resultados indicam que o aquecimento forçou as aves a desenvolver corpos menores e bicos maiores, o que, por sua vez, as ajuda a dissipar o calor de maneira mais eficiente.
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Essas mudanças nas proporções das aves – com o encolhimento do corpo e o aumento de bicos e caudas – representam uma adaptação importante para melhorar a perda de calor. Esse processo, por exemplo, se assemelha à engenharia de radiadores, onde uma área de superfície maior dissipa mais calor. Assim, os bicos das aves funcionam como os tubos de um radiador, transferindo calor para o ambiente através dos vasos sanguíneos.
Para estudar essas mudanças, os pesquisadores usaram dois conjuntos de dados. O primeiro, coletado por cientistas comunitários, registrou mais de 100.000 aves limícolas. Os dados mostraram um aumento no tamanho dos bicos, como no maçarico-de-bico-vermelho, nos últimos 50 anos. Já o segundo conjunto de dados, que incluiu escaneamentos 3D de espécimes de museu, revelou bicos maiores em várias espécies ao longo do último século, incluindo patos e aves canoras.
As consequências
No entanto, as respostas das aves não são tão simples. Os estudos mostram que o calor extremo pode reduzir temporariamente o tamanho do corpo e do bico. Isso ocorre porque, em situações de calor excessivo, um bico grande pode ser desvantajoso. O ar quente pode entrar no bico, aquecendo demais o pássaro, o que pode ser fatal. Além disso, as altas temperaturas, combinadas com a falta de comida, podem afetar o crescimento dos filhotes.
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Esses achados, portanto, mostram uma relação complexa entre adaptação e sobrevivência. Embora algumas espécies possam estar se adaptando às mudanças climáticas, os impactos a longo prazo ainda não são claros. De fato, bicos maiores e corpos menores podem ser um sinal positivo de adaptação, mas mais estudos são necessários para verificar se essas mudanças realmente contribuem para a sobrevivência das aves no aquecimento global. Além disso, é importante notar que algumas espécies se adaptam melhor que outras, o que torna a questão ainda mais complexa.