‘Emilia Pérez’ divide opiniões antes mesmo de estrear no México

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O musical Emilia Pérez, dirigido pelo francês Jacques Audiard, tem gerado debates intensos mesmo antes de sua estreia no México. O longa, que narra a história de um chefe de cartel que se transforma em uma mulher trans em busca de redenção, já coleciona prêmios, mas também atrai críticas por sua abordagem de questões delicadas, como violência, desaparecimentos forçados e identidade de gênero.

Premiado no Festival de Cannes e vencedor de quatro Globos de Ouro, incluindo Melhor Musical ou Comédia e Melhor Filme de Língua Não Inglesa, o filme foi celebrado por críticos internacionais. No entanto, no México, muitos consideram que ele reforça estereótipos e banaliza temas sociais relevantes.

A escolha de um elenco majoritariamente não mexicano e a direção de um cineasta que admitiu ter pouco conhecimento sobre o México foram alvos de críticas nas redes sociais. Clipes divulgados, como os da atuação de Selena Gomez em um papel principal, provocaram reações mistas, com muitos destacando o sotaque “artificial” da atriz ao interpretar uma personagem mexicana.

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Comentários irônicos e críticas mais severas inundaram as redes. Enquanto alguns internautas brincavam que o roteiro parecia “escrito com um tradutor online”, outros questionavam a falta de autenticidade em um filme que aborda a realidade mexicana.

A protagonista, interpretada pela atriz espanhola trans Karla Sofía Gascón, também enfrentou resistência. Embora tenha defendido o filme nas redes sociais, ativistas e críticos apontaram que a narrativa trata a transição de gênero de forma superficial, reduzindo a complexidade da vivência trans a uma ferramenta de redenção para um criminoso.

Grupos como a Glaad, que promove os direitos LGBTQ+, acusaram o filme de perpetuar visões “desatualizadas” sobre pessoas trans. No México, ativistas destacaram que o longa ignora os desafios reais enfrentados por mulheres trans no país, onde transfobia e violência são questões graves.

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Além disso, o uso de desaparecimentos forçados e da violência no enredo foi apontado como insensível. Com milhares de desaparecidos e homicídios registrados anualmente, críticos como Gaby Meza afirmaram que esses temas não devem ser tratados como meros recursos narrativos.

“Transformar tragédias reais em pano de fundo para entretenimento é desrespeitoso e desnecessário”, disse Meza.

Mesmo diante da controvérsia, Emilia Pérez continua sendo um forte candidato ao Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional. No entanto, sua recepção no México permanece dividida, e a possibilidade de uma prequela, sugerida por Audiard, promete reacender o debate sobre apropriação cultural e representatividade.

Natalia Lane, ativista trans, resumiu a indignação de muitos: “Premiar Emilia Pérez em um momento de crise para mulheres trans no México não é inclusão, é exploração.”

 

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