Um estudo recente realizado em um esqueleto encontrado há quase um século na Turquia trouxe à tona uma revelação inesperada: os restos, antes associados a Arsinoë IV, irmã de Cleópatra, pertencem a um menino com uma condição genética rara. A descoberta desafia teorias de longa data sobre a identidade do esqueleto encontrado no sítio arqueológico de Éfeso, em 1929.
O esqueleto, que estava em um sarcófago de mármore no chamado Octógono de Éfeso, foi inicialmente atribuído a uma figura feminina de alta posição, devido à localização e à ausência de bens funerários ou inscrições. Durante décadas, acreditou-se que poderia ser de Arsinoë IV, executada em 41 a.C. por ordem de Marco Antônio, após ter buscado refúgio no Templo de Ártemis.
No entanto, análises mais recentes publicadas no periódico Scientific Reports apresentaram novas evidências. Inicialmente, a datação por radiocarbono parecia corroborar a hipótese, indicando que os ossos pertenciam a alguém que viveu entre 205 a.C. e 36 a.C., período compatível com a vida de Arsinoë.
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Mas a análise detalhada revelou que o indivíduo tinha entre 11 e 14 anos no momento da morte, muito mais jovem do que Arsinoë, que teria sido executada aos 22 anos. Além disso, exames genéticos indicaram a presença de um cromossomo Y, confirmando que os restos pertenciam a um menino.
O crânio, que anteriormente havia intrigado os especialistas por sua forma delicada e frágil, também apresentou deformidades incomuns. Os pesquisadores identificaram uma sutura craniana fechada precocemente, algo que geralmente ocorre apenas em idades avançadas, e deformações na mandíbula.
Essas características foram associadas à síndrome de Treacher Collins (TCS), uma condição genética que afeta o desenvolvimento craniofacial, resultando em mandíbula pequena, olhos inclinados para baixo e possíveis dificuldades de audição e visão.
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Apesar das descobertas, o mistério ainda não está completamente solucionado. Os cientistas planejam realizar análises genéticas mais aprofundadas para confirmar a presença da síndrome e tentar identificar a origem do menino. Outra questão em aberto é por que ele foi enterrado em um local de destaque no Octógono de Éfeso, que provavelmente era reservado para figuras de importância histórica.
A nova pesquisa não apenas redefine o entendimento desse achado arqueológico, mas também destaca os avanços da ciência forense em corrigir suposições históricas e lançar luz sobre mistérios do passado.