O Memorial da Resistência de São Paulo anunciou, nesta segunda-feira (20), o falecimento de Emilio Ivo Ulrich, ex-preso político e sobrevivente das perseguições da ditadura militar brasileira. Ulrich, que nasceu em 1947 no Rio Grande do Sul, destacou-se por sua militância estudantil e atuação na luta contra o regime autoritário.
“Recebemos com pesar a notícia do falecimento de Emilio Ivo Ulrich (1947–2025), que resistiu bravamente à ditadura civil-militar e compartilhou sua história para que nunca fosse esquecida”, afirmou o Memorial em publicação nas redes sociais.
Durante sua juventude, Ulrich participou da União Gaúcha de Estudantes e, mais tarde, integrou a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização que combatia o regime militar. Sua militância o tornou alvo das forças repressoras. Em 1970, ele foi capturado pela Operação Bandeirante (OBAN) após ser delatado por um companheiro de grupo que havia sido torturado.
Ulrich foi levado ao DOI-CODI, em São Paulo, onde enfrentou semanas de tortura física e psicológica. Em seu livro Tortura Não Tem Fim, ele detalhou os horrores vividos durante os 30 dias em que esteve preso.
“Não era só a dor física, era também a tortura mental. Perguntam qual foi a pior tortura, e eu lembro do pau de arara, da cadeira do dragão e das surras, mas o mais perturbador foi quando me deram um banho frio para que eu me recuperasse e pudesse ser torturado novamente”, relatou em entrevista no ano passado.
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Após a ditadura, Emilio dedicou-se a compartilhar sua experiência para conscientizar as gerações futuras sobre os horrores do período. Ele tornou-se um símbolo da resistência e um defensor incansável da memória e da verdade.
Sua morte deixa um legado de coragem e um lembrete da importância de preservar a história para evitar que episódios sombrios se repitam.