Um estudo realizado pela Universitat Autonoma de Barcelona revelou que até 94% da massa cinzenta do cérebro das mulheres grávidas sofre alterações durante a gestação. A massa cinzenta, que corresponde a cerca de 40% do cérebro humano, desempenha um papel central no processamento de informações, incluindo fala, aprendizado e cognição.
A pesquisa foi baseada em ressonâncias magnéticas de 127 mulheres que estavam vivenciando a primeira gravidez, além de análises hormonais e avaliações neuropsicológicas realizadas antes, durante e depois do período gestacional. O objetivo era separar os impactos biológicos da gravidez dos efeitos relacionados à experiência de ser mãe.
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Os cientistas identificaram que essas mudanças atingem quase toda a superfície da massa cinzenta, com uma redução de aproximadamente 5% em seu volume, especialmente nas áreas responsáveis pela cognição social — a capacidade de compreender e reagir às interações sociais. Essa diminuição se intensifica no final da gestação, mas parte dela é recuperada no período pós-parto.
Os pesquisadores associaram essas alterações a fatores gestacionais, destacando a influência das flutuações nos níveis de estrogênio ao longo da gravidez. Tais mudanças não foram observadas em mulheres que já são mães, mas não estavam grávidas no momento da análise.
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Segundo os autores, o estudo representa um avanço na compreensão da interação entre hormônios, cérebro e comportamento durante a transição para a maternidade. Eles ressaltaram a importância de explorar esses achados para desenvolver intervenções que promovam a saúde e o bem-estar das mulheres grávidas.
“A pesquisa preenche uma lacuna importante no campo da neurociência da gravidez humana e abre novas possibilidades para melhorar a saúde materna”, destacaram os cientistas.