Três décadas após o assassinato de quatro ativistas anti-apartheid, conhecidos como os Quatro de Cradock, familiares das vítimas decidiram processar o governo sul-africano. O grupo, composto por 25 famílias e sobreviventes da violência do regime segregacionista, exige que os crimes sejam investigados e que haja reparação pelos danos sofridos.
Entre os líderes dessa mobilização está Lukhanyo Calata, filho de Fort Calata, uma das vítimas. Ele expressou como a perda do pai e a falta de justiça abalaram profundamente sua vida e a de outras famílias. “Perder meu pai afetou cada aspecto da minha existência. Sentimos que fomos traídos por aqueles que deveriam nos conduzir a uma sociedade melhor”, afirmou.
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Os Quatro de Cradock foram mortos em 1985, após serem brutalmente torturados por agentes do regime. Apesar de a Comissão da Verdade e Reconciliação ter negado anistia aos responsáveis, nenhum deles foi levado a julgamento, e todos já faleceram.
A ação judicial, apresentada no Tribunal Superior de Pretória, busca uma revisão das razões pelas quais os processos foram abandonados e uma indenização de 167 milhões de rands (cerca de R$ 53 milhões). O valor seria destinado a novas investigações, iniciativas de memória e programas educacionais sobre os crimes do apartheid.
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O Ministério da Justiça da África do Sul declarou que está avaliando o caso e disposto a cooperar. No entanto, a demora para levar os responsáveis à justiça e relatos de interferência política aumentam o sentimento de desconfiança entre as famílias.
Nombuyiselo Mhlauli, viúva de outra vítima, descreveu como a impunidade prolonga o sofrimento. “Ele era cheio de vida, sempre brincalhão e risonho. Perdê-lo mudou completamente nossas vidas”, relatou.
O caso representa uma tentativa de confrontar o legado de injustiça do apartheid e garantir que as famílias das vítimas sejam ouvidas e respeitadas.