Pesquisadores australianos descobriram que o coral cogumelo, uma espécie de vida livre conhecida cientificamente como Cycloseris cyclolites, possui a capacidade de se mover em direção à luz. Essa habilidade adaptativa surpreendente desafia a percepção de que os corais são organismos fixos e passivos no fundo do mar.
O estudo, publicado na revista científica PLOS One, foi conduzido por uma equipe da Queensland University of Technology. Utilizando imagens em alta resolução e técnicas de time-lapse, os cientistas documentaram como os corais utilizam movimentos rítmicos, inflando e desinflando seus tecidos, para se deslocar em busca de luz azul e branca, tipos predominantes em águas mais profundas.
Além de se moverem para encontrar luz, os corais demonstraram usar essa habilidade para se reposicionar após serem virados ou para se desenterrar de sedimentos acumulados durante tempestades. Segundo Brett Lewis, autor do estudo, esses comportamentos revelam uma sofisticação neurológica que se assemelha a organismos marinhos mais complexos, como as águas-vivas.
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“Esses movimentos são essenciais para a sobrevivência em ambientes marinhos desafiadores. A preferência pela luz azul indica uma estratégia para buscar habitats mais profundos, que podem oferecer condições mais favoráveis à reprodução e ao crescimento”, explicou Lewis.
As descobertas também têm implicações importantes para a preservação dos corais, especialmente em um contexto de mudanças climáticas. Com o aumento das temperaturas dos oceanos, os habitats tradicionais dos corais estão se tornando mais inóspitos, e a capacidade de migração pode ser vital para a sobrevivência de algumas espécies.
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“Entender como esses corais se movem e se adaptam ao ambiente pode nos ajudar a prever suas respostas às mudanças ambientais, como o aquecimento global. As águas mais profundas podem se tornar um refúgio essencial para muitas espécies”, destacou o pesquisador.
Com os ecossistemas marinhos sob crescente ameaça, estudos como este trazem uma nova perspectiva sobre a resiliência e complexidade dos corais, ressaltando a importância de esforços contínuos para proteger esses organismos vitais para a biodiversidade dos oceanos.