A enxaqueca, condição que afeta principalmente mulheres, é uma das doenças neurológicas mais debilitantes, com impactos significativos na qualidade de vida e na economia. Um estudo brasileiro publicado em 2020 estimou que as incapacidades causadas por essa condição geram um custo anual de R$ 67,6 bilhões no Brasil.
Dados regionais reforçam o cenário preocupante. Na América Latina, 24,7% dos pacientes diagnosticados com migrânea (termo médico para enxaqueca) têm indicação para tratamento preventivo, mas apenas 2,6% recebem cuidados adequados. Esses números foram extraídos de uma pesquisa realizada em 2011, com entrevistas feitas em todos os estados brasileiros.
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Sintomas e características da enxaqueca
De acordo com o neurologista Gabriel Kuboto, do Hospital das Clínicas da USP, a enxaqueca vai além da dor de cabeça, sendo caracterizada por sintomas como:
- Intolerância à luz, sons e cheiros;
- Náuseas e vômitos;
- Sensibilidade a movimentos bruscos.
A doença afeta principalmente mulheres, em uma proporção de uma em cada seis, e costuma surgir próximo à primeira menstruação, manifestando-se com maior frequência entre a segunda e terceira década de vida.
Embora não exista cura definitiva, os avanços na compreensão da doença têm permitido maior controle. “Ainda não temos todas as peças do quebra-cabeça, mas sabemos que fatores genéticos desempenham um papel significativo, representando entre 30% e 60% do risco de desenvolvimento”, explica Kuboto.
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Tratamento e prevenção
O manejo da enxaqueca se baseia em três pilares:
- Mudança de estilo de vida: Sedentarismo, obesidade, distúrbios do sono e transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão, podem agravar a condição e devem ser tratados paralelamente.
- Tratamento de crises: Uso de medicamentos para reduzir a duração e intensidade dos episódios.
- Tratamento preventivo: Medicações que ajudam a espaçar as crises e minimizar seu impacto no cotidiano.
A frequência das crises é um fator crucial. A Sociedade Brasileira de Cefaleia alerta que três ou mais episódios por mês podem indicar a necessidade de tratamento específico. “Se as crises ultrapassarem seis dias por mês, a indicação para tratamento é clara”, destaca Kuboto.
Embora a enxaqueca seja um desafio para a medicina, o foco no controle e na prevenção tem possibilitado melhorias na qualidade de vida dos pacientes, mesmo sem uma solução definitiva para o problema.