A vice-presidente das Filipinas, Sara Duterte, está no centro de uma crise política após ser formalmente acusada de corrupção, omissão diante das ações da China no Mar da China Meridional e, o mais grave, envolvimento em uma suposta conspiração para assassinar o presidente Ferdinand Marcos Jr.
A denúncia, apresentada na Câmara dos Representantes nesta quarta-feira (5), intensifica a disputa entre Duterte e Marcos, que antes integravam a mesma chapa e agora se encontram em lados opostos. Enquanto o presidente tem fortalecido a aliança do país com os Estados Unidos, a vice-presidente é herdeira política de seu pai, Rodrigo Duterte, ex-presidente que priorizou laços com China e Rússia durante seu governo.
Paolo Duterte, irmão da vice-presidente, classificou as acusações como perseguição política. Paralelamente, o Congresso discute a legalidade de um possível impeachment contra Sara Duterte, o que pode agravar ainda mais o cenário de instabilidade.
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A relação entre Marcos e Duterte começou a se deteriorar pouco após a posse. Em diversas ocasiões, a vice-presidente acusou o presidente, sua esposa e o presidente da Câmara, Martin Romualdez, de corrupção e fragilidade na liderança.
A principal alegação contra Duterte está relacionada a declarações feitas em novembro do ano passado. Na ocasião, ela afirmou publicamente que havia contratado um assassino para eliminar Marcos e outras figuras do governo caso sua própria vida estivesse em risco. Posteriormente, negou que fosse uma ameaça real, alegando que se tratava de uma forma de expressar sua preocupação com a segurança pessoal.
Além disso, Duterte também é investigada por suposto uso indevido de recursos públicos e enriquecimento ilícito. A vice-presidente teria administrado valores milionários de fundos sigilosos sem prestar contas adequadamente.
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Outro ponto que pesa contra a vice-presidente é sua postura em relação às disputas territoriais com a China. A denúncia argumenta que sua falta de posicionamento enfraqueceu a estratégia do governo diante das pressões chinesas na região do Mar das Filipinas Ocidentais.
A crise atual reflete o histórico de embates entre as famílias Duterte e Marcos, ambas figuras centrais na política filipina. Ferdinand Marcos Jr. é filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, deposto em 1986 após uma revolta popular. Já Sara Duterte é filha de Rodrigo Duterte, conhecido por sua controversa guerra contra as drogas, alvo de investigações internacionais.
Embora tenham se unido nas eleições de 2022, garantindo uma vitória expressiva, os interesses divergentes rapidamente enfraqueceram a aliança. Agora, com um processo de impeachment em andamento e acusações que vão desde corrupção até conspiração para assassinato, o cenário político das Filipinas se torna cada vez mais instável.