Após quase dois milênios, um pergaminho romano que foi carbonizado pela erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C. teve parte de seu conteúdo revelado graças ao uso da Inteligência Artificial e de tecnologia avançada de raios X. O documento, encontrado entre centenas de outros na cidade de Herculano, permaneceu inutilizável por séculos devido à sua fragilidade extrema, mas agora começa a revelar seus segredos.
O pergaminho, que parecia um bloco de carvão, foi analisado em Oxfordshire, na Diamond Light Source, uma instalação que utiliza um potente feixe de raios X. No interior de um equipamento chamado síncrotron, elétrons foram acelerados quase à velocidade da luz, permitindo que os pesquisadores escaneassem o documento sem comprometer sua estrutura.
A partir dessas imagens, cientistas usaram Inteligência Artificial para detectar traços de tinta na superfície do pergaminho e, em seguida, reconstruíram digitalmente seu conteúdo. Segundo Stephen Parsons, líder do projeto “Desafio Vesúvio”, essa descoberta abre caminho para a leitura completa do documento. “Estamos confiantes de que seremos capazes de ler praticamente todo o pergaminho, e é a primeira vez que realmente conseguimos dizer isso com grande confiança”, afirmou ao jornal The Independent.
Outro pergaminho da mesma coleção já havia sido analisado anteriormente, revelando cerca de 5% de seu conteúdo, que discutia a filosofia epicurista, uma corrente do pensamento grego que prega a busca pelo prazer e a valorização das pequenas coisas do cotidiano. Os pesquisadores acreditam que o novo pergaminho pode conter reflexões semelhantes.
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Descobertos em uma vila romana em Herculano, os pergaminhos carbonizados são considerados os únicos textos da Antiguidade clássica que sobreviveram intactos até os dias atuais. Até hoje, tentar abri-los fisicamente resultava em sua destruição, tornando essa nova abordagem tecnológica um marco na recuperação de textos históricos.