Um estudo recente publicado na revista Nature Geoscience revelou que o núcleo interno da Terra pode estar passando por alterações estruturais. A descoberta sugere que, além de sua rotação ter se modificado nos últimos anos, a forma dessa camada sólida, composta majoritariamente por ferro e níquel, também pode estar sofrendo transformações ainda não completamente compreendidas.
O núcleo interno, que tem aproximadamente 70% do tamanho da Lua, está sujeito a temperaturas superiores a 5.400 graus Celsius e a pressões extremas. Embora não possa ser observado diretamente, cientistas utilizam ondas sísmicas geradas por terremotos para estudar essa região do planeta. Segundo os pesquisadores, essas ondas indicam que a estrutura do núcleo pode estar se deformando ao longo do tempo, o que poderia gerar impactos em seu comportamento dinâmico.
“Ao analisarmos os registros sísmicos, percebemos diferenças que não podem ser explicadas apenas pela rotação. Isso sugere que há mudanças ocorrendo na estrutura do núcleo”, explicou John Vidale, autor principal do estudo. A pesquisa analisou dados de terremotos ocorridos em diferentes períodos para verificar variações na propagação das ondas no interior da Terra.
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A hipótese levantada é que o núcleo pode estar sofrendo deformações graduais, seja por deslocamentos internos ou pelo impacto de forças externas, como o movimento do núcleo externo líquido que o envolve. Ainda não se sabe exatamente quais efeitos essas mudanças podem ter sobre fenômenos como o campo magnético da Terra, responsável por proteger o planeta da radiação cósmica.
Estudos anteriores já haviam apontado que o núcleo interno da Terra, que por muito tempo girou em uma velocidade maior do que a superfície, passou a girar mais devagar e até no sentido oposto. Agora, com a possibilidade de mudanças em sua estrutura, os cientistas esperam que novos dados sísmicos possam esclarecer melhor a evolução dessa região profunda do planeta.
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Pesquisadores destacam que essas descobertas são essenciais para entender melhor a dinâmica interna da Terra e os processos que ocorrem em sua estrutura mais profunda. O estudo segue em andamento, e novas análises devem ser realizadas para confirmar se essas mudanças são parte de um ciclo natural ou se representam algo inédito na história geológica do planeta.