Entre as águas cristalinas das ilhas Galápagos, no Equador, um peixe de aparência singular tem intrigado cientistas e admiradores da vida marinha. O Ogcocephalus darwini, mais conhecido como peixe-morcego de “lábios” vermelhos, se destaca pelo curioso detalhe na boca, que parece ter sido pintada com batom intenso. Sua coloração chamativa levanta hipóteses sobre possíveis funções biológicas, mas até hoje, o motivo exato dessa característica permanece um mistério.
Diferente da maioria dos peixes, essa espécie não é habilidosa na natação. Em vez de deslizar pela água com facilidade, prefere se locomover pelo fundo do mar com o auxílio de suas nadadeiras modificadas, que lembram pernas. Com um corpo achatado e uma cabeça larga e acinzentada, o peixe tem uma expressão que muitos interpretam como rabugenta, o que contribui para sua aparência única.
Embora os pesquisadores ainda não tenham uma resposta definitiva, uma das hipóteses sugere que a coloração vibrante pode desempenhar um papel na atração de parceiros durante o período de reprodução, funcionando de maneira semelhante ao colorido das penas dos pavões. Outra possibilidade é que os tons avermelhados ajudem os indivíduos a se reconhecerem em águas mais escuras e turvas.
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O peixe-morcego de Galápagos é encontrado em áreas rasas, geralmente entre 3 e 76 metros de profundidade, evitando regiões abissais onde a luz não chega. Alguns exemplares já foram registrados em profundidades maiores, chegando a 120 metros, mas isso não é o mais comum.
Movendo-se pelo leito do oceano, esse peixe se alimenta de pequenos crustáceos e peixes menores, usando um apêndice em sua cabeça chamado illicium, que pode funcionar como uma espécie de isca para atrair presas. Essa estrutura é característica de outras espécies da ordem Lophiiformes, grupo que inclui peixes com adaptações semelhantes para caça em águas profundas.
Outro membro dessa família é o peixe-morcego-brasileiro (Ogcocephalus vespertilio), que compartilha algumas semelhanças com seu parente de Galápagos, mas habita regiões do Oceano Atlântico.
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O nome científico da espécie, Ogcocephalus darwini, é uma homenagem ao naturalista britânico Charles Darwin, cuja passagem por Galápagos foi fundamental para o desenvolvimento da teoria da evolução. Assim como as famosas tartarugas e tentilhões que ajudaram a moldar suas descobertas, esse peixe peculiar é mais um exemplo da impressionante biodiversidade do arquipélago.
Apesar de sua aparência incomum, o peixe-morcego de “lábios” vermelhos continua sendo um enigma da natureza, despertando a curiosidade de biólogos e entusiastas da vida marinha.