Na Antártica, os pinguins-de-barbicha descansam de uma forma única. Eles usam períodos curtos de sono chamados “microssonos”, de acordo com um estudo publicado na revista Science. Esses rápidos cochilos duram apenas alguns segundos.
A pesquisa do Centro de Pesquisa Neurocientífica de Lyon revelou que esses pinguins conseguem dormir até 11 horas ao longo do dia, mas nunca em um sono contínuo. Os cientistas descobriram que as aves cochilam mais de 10 mil vezes por dia, em pequenos intervalos, permitindo que permaneçam atentos e vigilantes em relação aos seus ninhos.
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O pesquisador Paul-Antoine Libourel destaca a importância dessa habilidade: “Os humanos não podem sustentar esse estado, mas os pinguins podem. O sono é muito mais complexo em sua diversidade do que o que lemos na maioria dos livros didáticos”, afirmou ele ao The Guardian.
Como a pesquisa com pinguins foi realizada
Para aprofundar a investigação, os pesquisadores monitoraram o sono de 14 pinguins incubando ovos em dezembro de 2019. Eles utilizaram eletroencefalogramas (EEG) para analisar a atividade cerebral e eletromiogramas (EMG) para observar a musculatura do pescoço. Essa abordagem possibilitou uma análise detalhada dos padrões de sono e dos movimentos dos pinguins.
Os resultados mostraram que o sono dos pinguins-de-barbicha se apresenta como altamente fragmentado. Essa fragmentação está intimamente ligada à necessidade de vigilância contra predadores, como os skuas, que atacam seus ovos. Durante a incubação, um dos pais protege os ovos ou filhotes, enquanto o outro busca alimento. Assim, essa dinâmica impõe o desafio de equilibrar descanso e vigilância. Consequentemente, os pinguins mantêm um sono fragmentado ao longo do dia, evitando períodos de sono profundo que os deixariam vulneráveis.
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Além disso, a pesquisa sugere que essa fragmentação do sono funciona como uma adaptação eficiente para reduzir o risco de predação. Embora a consciência ambiental diminua durante o sono, os pinguins que dormem em grupos oferecem mais proteção. Portanto, aqueles que ficam no centro do grupo têm menos chance de serem atacados.
Alguns estudos revelaram ainda que outros animais, como elefantes africanos, também apresentam padrões de sono peculiares. Por exemplo, eles dormem em pé por cerca de duas horas por dia, sem comprometer seu desempenho.