A travessia do Mar Vermelho por Moisés, um dos episódios mais marcantes da tradição judaico-cristã, pode ter sido resultado de um fenômeno natural e não de intervenção divina, segundo estudos científicos. Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica analisaram como ventos fortes, na direção e velocidade corretas, poderiam ter exposto um caminho seguro para os israelitas, antes que as águas retornassem abruptamente.
O papel dos ventos na abertura das águas
Simulações computacionais apontam que ventos de aproximadamente 100 km/h seriam capazes de deslocar a água, formando uma passagem temporária. Esse efeito, conhecido como wind setdown, já foi documentado em outras partes do mundo e ocorre quando rajadas intensas empurram massas de água para longe, expondo o solo submerso.
++ Inédito na medicina: feto com doença genética é tratado ainda no útero
Carl Drews, oceanógrafo envolvido no estudo, destaca que o fator decisivo seria o momento exato em que o fenômeno ocorreu. “O verdadeiro milagre pode estar na coincidência dos eventos. Se o vento tivesse cessado alguns minutos antes ou depois, o desfecho poderia ter sido diferente”, afirmou ao Daily Mail.
Onde a travessia pode ter ocorrido?
Embora a tradição situe o episódio no Golfo de Aqaba, pesquisadores sugerem que um local mais plausível seria o Golfo de Suez, cujas águas são mais rasas e já registraram eventos similares. Em 1789, por exemplo, tropas de Napoleão Bonaparte atravessaram a região durante a maré baixa, quase sendo surpreendidas pela volta repentina das águas.
Outra hipótese envolve o Lago de Tannis, no Delta do Nilo. Estudos indicam que ventos fortes na área poderiam ter deslocado até dois metros de água, criando uma passagem temporária, compatível com descrições da Bíblia Hebraica que se referem à travessia como a passagem pelo “Mar dos Juncos”.
++ Cabelos brancos podem ser revertidos? Estudo científico revela
Apesar das explicações científicas, o evento continua sendo um símbolo de fé para milhões de pessoas. Para especialistas, compreender os mecanismos naturais por trás de fenômenos históricos não diminui sua importância religiosa, mas ajuda a ampliar a visão sobre a interação entre crença e ciência.