Mistério renasce na Inglaterra com possível retrato inédito da Rainha dos Nove Dias

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Um antigo retrato em exibição em Wrest Park, na Inglaterra, reacendeu um velho mistério da história britânica: afinal, esta seria a única imagem feita em vida de Lady Jane Grey, a jovem que ocupou o trono inglês por apenas nove dias no século 16?

A obra, pertencente a uma coleção particular, voltou a ser apresentada ao público após mais de três séculos em acervo fechado. Com traços refinados e sinais de restaurações ao longo dos anos, o quadro passou a ser analisado por especialistas da English Heritage em colaboração com o Instituto Courtauld de Arte, e tem gerado intenso debate sobre sua verdadeira origem.

Por meio de métodos avançados, como análise de anéis de crescimento da madeira (dendrocronologia), fluorescência de raios X e reflectografia infravermelha, os pesquisadores dataram a pintura entre 1539 e 1571 — período que coincide com a curta e trágica vida da rainha, executada aos 17 anos.

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Além da idade do material, outro elemento chamou atenção: a tela foi modificada diversas vezes ao longo da história. Mudanças sutis no olhar, nas vestimentas e até na expressão facial foram identificadas. Há indícios de que olhos, boca e orelhas foram apagados intencionalmente, o que levanta a possibilidade de um ataque iconoclasta — prática comum em contextos de conflito religioso na Europa.

Peter Moore, curador da English Heritage em Wrest Park, reconhece que a hipótese ainda não pode ser confirmada com certeza, mas considera as evidências “muito próximas de uma possível identificação” com Jane Grey. A escritora e historiadora Philippa Gregory também comentou a importância da descoberta, destacando que o retrato, se autêntico, oferece uma nova perspectiva da jovem rainha — retratada menos como mártir e mais como uma figura de força e caráter.

A comparação com outros registros — como a pintura atribuída a Jane Grey na National Portrait Gallery — revelou semelhanças faciais que reforçam ainda mais a hipótese levantada pelos estudiosos.

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Lady Jane Grey foi nomeada herdeira por Eduardo VI, que tentou impedir a ascensão de sua meia-irmã católica Maria Tudor. O apoio popular, no entanto, rapidamente se voltou à filha de Henrique VIII, o que levou à deposição, prisão e condenação de Jane. Sua breve e trágica trajetória se transformou em símbolo de inocência sacrificada, eternizada na pintura de Paul Delaroche, de 1834, que retrata o momento de sua execução.

Agora, séculos depois, o retrato investigado em Wrest Park pode oferecer um raro vislumbre da rainha ainda viva — uma mulher envolta em política, fé e disputas que moldaram o destino de uma nação.

 

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