Conheça o primeiro casamento gay registrado na história

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Em 1967, um acontecimento singular marcou profundamente a história de Cametá, no Pará. Muito antes de os movimentos LGBTQIA+ ganharem visibilidade no mundo, a Comunidade Quilombola de Inacha, no distrito de Juaba, foi palco do que pode ter sido o primeiro casamento homoafetivo registrado globalmente. Na época, o episódio surpreendeu pela ousadia e repercutiu intensamente entre os moradores da região.

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O casal, que já vivia junto há alguns anos, resolveu oficializar a união por meio de uma cerimônia religiosa. Conforme o costume local, a celebração contou com trajes típicos, decoração festiva e ampla participação da comunidade. Ademais, as autoridades permitiram o evento ao afirmarem que a noiva era, biologicamente, uma mulher. Inclusive, representantes públicos, como o prefeito e outros líderes municipais, compareceram à festa.

Entretanto, a aparente aceitação durou pouco. Durante a cerimônia, surgiram desconfianças sobre a identidade da noiva. Nesse momento, autoridades convidaram o casal a seguir até a cidade, alegando que entregariam um presente especial de casamento. Contudo, ao embarcarem no barco, o casal foi surpreendido por policiais que os escoltaram até o centro urbano. Lá, uma multidão os aguardava ansiosamente.

Na cidade, os noivos foram levados até uma clínica, onde um médico foi chamado para realizar um exame constrangedor. Diante de várias testemunhas, ele retirou os enchimentos que simulavam os seios da noiva e os lançou ao chão. Como resultado, o casal foi conduzido até a prefeitura e mantido em celas durante toda a noite.

No dia seguinte, o noivo teve a cabeça raspada e permaneceu sob vigilância na sala do delegado, enquanto a noiva foi isolada em outra cela. Pouco depois, ambos foram transferidos para Belém, e jamais se soube o que aconteceu com eles. Assim, o episódio terminou com silêncio e mistério, deixando marcas profundas na memória da comunidade.

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Esse episódio gerou intensa repercussão e culminou na anulação do casamento pelas autoridades religiosas. Mais do que uma história local, o caso reflete o preconceito institucionalizado e a repressão à diversidade sexual presentes naquele período. Sobretudo, evidencia como a intolerância apagou narrativas que hoje ganham nova luz com o avanço dos direitos civis no Brasil e no mundo.

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