Pela primeira vez, uma jovem lula-colossal foi observada viva nas águas geladas do Oceano Antártico. Com cerca de 30 centímetros e corpo translúcido, o invertebrado raro foi registrado a aproximadamente 600 metros de profundidade por uma equipe a bordo de uma expedição científica do Instituto Oceânico Schmidt.
Com oito braços alaranjados e dois tentáculos longos, a criatura chamou a atenção dos cientistas por suas características marcantes — entre elas, ganchos e ventosas visíveis nas imagens captadas, que permitiram sua identificação. A filmagem, considerada um marco para a ciência marinha, aconteceu nas proximidades das Ilhas Sandwich do Sul, em uma área remota e pouco estudada.
“A primeira visualização de duas espécies distintas de lula em expedições consecutivas é extraordinária e reforça o quanto ainda desconhecemos os habitantes magníficos do Oceano Antártico”, disse Jyotika Virmani, diretora-executiva do Instituto Oceânico Schmidt, em entrevista ao Washington Post. “Esses momentos inesquecíveis continuam a nos lembrar de que o oceano está repleto de mistérios ainda a serem resolvidos”.
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A lula-colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni), espécie identificada inicialmente em 1925 a partir de fragmentos encontrados no estômago de um cachalote, é considerada o invertebrado mais pesado já conhecido, podendo ultrapassar os 450 quilos. Diferente da lula-gigante, que vive em diversos oceanos, a colossal habita exclusivamente as águas geladas do extremo sul.
Além do tamanho imponente, o animal se destaca por ter os maiores olhos registrados na natureza e por utilizar órgãos bioluminescentes que servem como mecanismo de camuflagem contra predadores. Essa habilidade permite que perceba ameaças — como os próprios cachalotes — quase no mesmo alcance em que é detectada pelos sonares desses caçadores.
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Até hoje, todos os registros da espécie haviam sido feitos a partir de animais mortos ou parcialmente digeridos. O maior exemplar já encontrado está preservado e em exposição pública na Nova Zelândia. O vídeo recém-divulgado representa, portanto, um raro vislumbre da lula-colossal em seu habitat, oferecendo pistas valiosas sobre um dos seres mais misteriosos do fundo do mar.