Em plena Lei Seca, nos anos 1920, Chicago fervilhava com o crime organizado. Nesse cenário perigoso e imprevisível, um jovem pianista chamado Fats Waller viveu uma das histórias mais curiosas da era do jazz: ele foi levado à força por capangas para tocar em uma festa — nada menos que a comemoração de aniversário de Al Capone.
++ Medicamento usado para colesterol pode reduzir risco de demência, aponta estudo
Na virada do ano de 1926, Al Capone já comandava boa parte da cidade. Seus negócios incluíam bares clandestinos, casas de jogos e bordéis. Aos 27 anos, acumulava fortuna e influência.Fats Waller, por outro lado, era uma estrela em ascensão no jazz. Com 21 anos, seu carisma e talento ao piano encantavam plateias em Nova York e, mais tarde, em Chicago. Certa noite, após se apresentar no Sherman Hotel, Fats foi surpreendido por homens armados. Eles o forçaram a entrar em uma limusine preta com destino a East Cicero.
O pianista temia o pior. No entanto, ao chegar a um elegante salão, recebeu uma ordem inusitada: “Toque”. Ele seria o presente de aniversário de Capone. A celebração durou três dias. Durante esse tempo, Fats tocou sem parar. A cada nova música, notas de dinheiro enchiam seus bolsos. Além disso, ele e Capone dividiram fartas refeições e muito champanhe. Apesar do susto inicial, o músico saiu da festa com milhares de dólares e uma nova apreciação por bebidas finas.
Por outro lado, o episódio ilustra o poder que Capone exercia. Ele transformava vontades em ordens — mesmo que isso significasse “sequestrar” um músico famoso. Consequentemente, Fats Waller ganhou fama não só por sua música, mas também por essa história surreal. O episódio virou lenda no mundo do jazz.
++ Maior lago de água salgada do mundo está em situação de encolhimento
O improvável encontro entre o crime e a música revela muito sobre os excessos e contrastes da Chicago dos anos 1920. Para Fats Waller, o sequestro se transformou em uma das histórias mais memoráveis de sua vida — e, ironicamente, também em uma das mais lucrativas.