Em uma decisão que sinaliza uma mudança importante na política externa russa, o Talibã foi oficialmente removido da lista de organizações terroristas da Rússia nesta quinta-feira (17). A medida, anunciada pela Suprema Corte, atende a um pedido da Procuradoria Geral e tem como pano de fundo a intenção de fortalecer os laços entre Moscou e o atual governo afegão.
O grupo integrava a lista de entidades proibidas desde 2003, mas mesmo após ter reassumido o controle do Afeganistão em 2021, não chegou a ser reconhecido formalmente pela Rússia como autoridade legítima no país. A reclassificação, no entanto, indica uma reavaliação estratégica do Kremlin, especialmente diante das ameaças crescentes do Estado Islâmico na Ásia Central.
O movimento russo se alinha à postura adotada por outras potências da região, como China e Irã, que vêm apostando em uma aproximação pragmática com o Talibã em detrimento de outros grupos considerados mais radicais.
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No campo econômico, os sinais de aproximação já vinham se desenhando. Em 2022, autoridades afegãs anunciaram um acordo preliminar com a Rússia para importação de trigo, gasolina, diesel e gás liquefeito. Segundo informações divulgadas pelo Ministério de Comércio e Indústria do Afeganistão, o pacote previa fornecimento anual de milhões de toneladas desses insumos, com valores negociados abaixo dos preços praticados no mercado.
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Embora o governo russo não tenha detalhado os termos do acordo, representantes de Moscou confirmaram a existência do pacto, reforçando a intenção de manter relações comerciais com o regime instalado em Cabul.