Efeito invisível Chernobyl ainda altera o solo na Ásia Central oito décadas depois

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Mesmo após mais de 80 anos, as consequências de uma das maiores catástrofes ambientais da história moderna continuam transformando o interior da Terra. Um novo estudo publicado na Nature Geoscience revela que o solo sob o antigo Mar de Aral, entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, segue em elevação constante, resultado direto da drástica redução do volume de água na região ao longo do século XX.

A elevação do terreno é consequência da retirada, nos anos 1960, de grandes volumes de água dos rios que abasteciam o lago para irrigar plantações durante a era soviética. A medida esvaziou gradativamente o Mar de Aral, que já foi o quarto maior lago do mundo. Desde então, a massa de água diminuiu em bilhões de toneladas, causando não apenas uma transformação ecológica drástica, mas também uma inesperada resposta geofísica da Terra.

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De acordo com os cientistas, a perda de peso sobre a crosta terrestre causou uma lenta e contínua elevação do solo, com impacto observado em até 500 quilômetros ao redor da antiga bacia. Utilizando tecnologia de radar interferométrico, os pesquisadores detectaram um aumento médio de sete milímetros por ano entre 2016 e 2020 — um deslocamento acumulado de 40 milímetros nesse período.

O fenômeno, segundo os autores, está relacionado ao movimento do manto terrestre, que reage à redução de pressão na superfície. O efeito é comparável ao que se observa em regiões como a Escandinávia, onde o solo ainda se recupera do derretimento das camadas de gelo da última era glacial.

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A situação do Mar de Aral é hoje considerada símbolo de colapso ambiental. A redução drástica de sua área causou não apenas impactos ecológicos e econômicos para a população local, como também acelerou a desertificação e agravou a escassez de recursos naturais. Não à toa, o caso passou a ser chamado por especialistas de “Chernobyl silencioso”, pela dimensão das suas consequências duradouras.

“O fato de que o manto ainda está reagindo a uma intervenção humana feita há décadas mostra o quanto nossas ações podem afetar as camadas mais profundas do planeta”, apontam os pesquisadores no artigo.

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