O jovem marinheiro Neil Frye, morto aos 20 anos durante o ataque japonês a Pearl Harbor, teve seus restos mortais sepultados com honras militares em sua terra natal, 84 anos após o ataque que levou os Estados Unidos à Segunda Guerra Mundial.
Frye servia no encouraçado USS West Virginia quando o bombardeio atingiu a base naval no Havaí, em 7 de dezembro de 1941. O navio, apelidado de “Wee Vee”, foi atingido por uma série de torpedos e bombas. Apesar dos esforços para mantê-lo à tona, a embarcação afundou com 106 tripulantes a bordo, entre eles o jovem marinheiro.
Por décadas, os restos de Frye permaneceram enterrados sem identificação no Cemitério Memorial Nacional do Pacífico, conhecido como “Punchbowl”, em Honolulu. A mudança veio após uma iniciativa da Agência de Contabilidade de Defesa POW/MIA, que em 2017 iniciou a exumação de restos mortais de tripulantes do West Virginia para análise forense.
Com o uso de DNA mitocondrial, registros dentários e outras técnicas modernas, a identificação de Frye foi confirmada em setembro de 2024. Em 3 de abril de 2025, data em que completaria 104 anos, ele recebeu um funeral militar no Cemitério de Veteranos do Estado de Sandhills, na Carolina do Norte.
Entre as condecorações póstumas recebidas, estão o Coração Púrpura, a Fita de Ação de Combate e a Medalha de Campanha da Ásia-Pacífico com Estrela de Bronze. Seu nome agora figura nas “Cortes dos Desaparecidos”, em Honolulu, com uma roseta que marca o reencontro entre identidade e história.
A cerimônia foi acompanhada por sua irmã mais nova, Mary Frye McCrimmon, de 87 anos, que tinha apenas três quando o irmão se alistou. “Fiquei mais feliz do que triste porque sabia que eles o haviam encontrado. Eu sabia onde ele estava. Não precisávamos nos perguntar”, contou à rádio WUNC.
++ Erro no GPS leva motorista a cair de ponte em construção
Frye entrou na Marinha em 1940, buscando uma oportunidade em meio a um país ainda profundamente segregado. Atuava no chamado “ramo de mensageiros”, que reservava aos marinheiros negros tarefas como cozinhar, limpar e cuidar da rotina dos oficiais brancos. Mesmo assim, segundo seus familiares, ele acreditava em valores como honra e dever.
“Ele se alistou na Marinha em uma época em que os homens negros eram considerados de segunda classe. Mas ele lutou por este país com os mesmos valores”, disse a sobrinha, Carol Frye-Davis. “Ele tinha sua vida pela frente e morreu aos 20 anos, mas fez isso por este país.”