Na noite de segunda-feira, um silêncio incomum pairou sobre a Igreja da Sagrada Família, em Gaza. Pela primeira vez desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, o telefone do padre Gabriel Romanelli não tocou às 19h. O Papa Francisco, que ligava diariamente para confortar a comunidade, não fez sua habitual chamada.
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A ausência do telefonema não foi apenas um detalhe. Representou o fim de um gesto diário de esperança. Naquela mesma noite, os fiéis souberam da morte do pontífice. Para os cerca de 600 cristãos abrigados na única paróquia católica do enclave palestino, a notícia trouxe tristeza profunda em meio ao conflito entre Israel e o Hamas.
George Antone, responsável pela comissão de emergência da paróquia, descreveu a perda com emoção: “Ele lutava em todas as frentes por seu rebanho. Era um santo entre nós”, declarou à Reuters. Diariamente, o Papa encorajava a comunidade a manter a fé, a coragem e a dignidade, mesmo diante da tragédia.
Desde o início da guerra, Francisco fazia questão de ligar pessoalmente. Conversava com o pároco, mas também com quem estivesse por perto. “Ele nos conhecia pelo nome e dizia sempre: ‘Estou com vocês. Não tenham medo’”, lembrou Antone. Suas palavras traziam conforto e fortaleciam o ânimo de muitos.
++ O legado de um pontífice em movimento emociona o mundo após sua partida
Segundo o padre Romanelli, a última ligação do Papa ocorreu no sábado anterior à sua morte. Mesmo nos dias finais, ele manteve o compromisso de estar próximo, ainda que à distância. Para os cristãos de Gaza, a partida de Francisco deixa saudade, mas também a certeza de que foram lembrados e amados até o último momento.