A tensão entre Índia e Paquistão voltou a escalar após um ataque armado contra civis na região de Pahalgam, na Caxemira indiana. O episódio, ocorrido em 22 de abril, deixou pelo menos 24 mortos e provocou uma resposta diplomática imediata por parte de Nova Déli, que agora exige a retirada de todos os cidadãos paquistaneses até o dia 29 de abril.
As autoridades indianas classificaram o ataque como um dos mais graves dos últimos anos, embora nenhum grupo tenha reivindicado a ação até o momento. Três suspeitos foram identificados pela polícia local — dois deles seriam cidadãos paquistaneses, segundo a investigação, que ainda não apresentou evidências públicas.
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Diante do atentado, o governo indiano tomou medidas de amplo impacto: fechou a única fronteira terrestre com o Paquistão e anunciou a suspensão unilateral do Tratado das Águas do Indo, acordo firmado em 1960 que regula o uso do rio compartilhado entre os dois países. O tratado, considerado um dos pilares da cooperação bilateral, foi mediado originalmente pelo Banco Mundial.
A resposta paquistanesa veio em tom igualmente duro. Islamabad bloqueou seu espaço aéreo para aeronaves indianas e declarou que qualquer tentativa de interromper o fornecimento de água será interpretada como “ato de guerra”. O governo também afirmou que responderá a qualquer ameaça com “ações recíprocas firmes em todas as frentes”.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, prometeu responsabilizar os envolvidos no ataque e disse que não haverá impunidade.
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Conflito enraizado
A disputa pela Caxemira é um dos conflitos territoriais mais antigos do mundo, iniciada logo após a Partição da Índia, em 1947. Na época, o então marajá de Jammu e Caxemira decidiu aderir à Índia, apesar da maioria muçulmana da população. A decisão resultou na primeira guerra entre os países e na subsequente divisão do território.
Desde então, o tema gerou outras duas guerras — em 1965 e 1999 — e alimentou décadas de confrontos armados e tensões diplomáticas. Nova Déli responsabiliza o Paquistão por apoiar insurgências separatistas na Caxemira indiana. Islamabad nega envolvimento direto e afirma apenas defender o direito de autodeterminação da população local.
O recente episódio adiciona uma nova camada de instabilidade a uma relação marcada por desconfiança mútua e ciclos recorrentes de hostilidade. Especialistas temem que o rompimento do tratado hídrico e as expulsões de civis possam acirrar ainda mais a crise.