O que um dia foi o terror dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, hoje seria apenas mais um desafio fácil para a tecnologia. Especialistas em segurança da informação e inteligência artificial afirmam que o famoso código Enigma, usado pela Alemanha nazista para proteger mensagens militares, poderia ser decifrado em questão de minutos com os recursos computacionais atuais.
Durante o conflito, o sistema Enigma era visto como inquebrável. A máquina criptográfica, composta por rotores móveis e um complexo painel de conexões, criava milhões de combinações que se alteravam diariamente, dificultando a interceptação das mensagens. A quebra do código foi um marco histórico liderado por Alan Turing e sua equipe em Bletchley Park, no Reino Unido, e é considerada fundamental para encurtar a guerra em pelo menos dois anos.
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No entanto, segundo especialistas contemporâneos, o cenário seria muito diferente com as ferramentas disponíveis hoje. Michael Wooldridge, professor da Universidade de Oxford e referência em IA, explica que a combinação de algoritmos avançados, poder computacional e aprendizado de máquina faria o Enigma parecer obsoleto. “A inteligência artificial conseguiria simular o funcionamento das antigas bombes de Turing com extrema rapidez. O que levava meses, agora levaria minutos”, afirmou.
Em uma demonstração prática recente, uma equipe de cientistas treinou uma IA com textos em alemão antigo — incluindo contos dos Irmãos Grimm — para identificar padrões linguísticos. A inteligência artificial, operando com milhares de servidores virtuais, conseguiu decifrar uma mensagem criptografada com Enigma em apenas 13 minutos.
Mesmo diante dessa comparação, os especialistas fazem questão de lembrar que o feito de Turing e seus colegas permanece monumental. Sem os avanços em criptoanálise conquistados na década de 1940, muito do que se conhece hoje em segurança digital e ciência da computação não teria existido.
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“Naquela época, cada passo era uma aposta contra o tempo. Hoje temos data centers e algoritmos. Eles tinham apenas raciocínio, papel e fios”, comentou Mustafa A. Mustafa, pesquisador da Universidade de Manchester.