Luz azul pode causar alterações na pele, revela estudo da USP

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Um estudo inédito da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com a Universidade de Gotemburgo, na Suécia, revelou que a exposição prolongada à luz azul — presente tanto na luz solar quanto em telas eletrônicas — pode provocar alterações significativas nas células da pele. A pesquisa foi publicada em abril na revista científica Photochemistry and Photobiology.

O experimento, conduzido com células cultivadas em laboratório, simulou diferentes níveis de exposição à luz azul e mostrou que, ao longo do tempo, as células passaram a apresentar comportamentos atípicos: cresceram em ritmo acelerado, resistiram à morte celular natural e exibiram alterações no núcleo. As mudanças ficaram mais evidentes após 42 sessões consecutivas de exposição, o que corresponderia a 42 dias de uma hora diária de sol forte.

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Danos comparáveis ao da radiação UVA

De acordo com os pesquisadores, essas transformações celulares ativaram genes ligados ao metabolismo energético e inibiram aqueles relacionados à defesa imunológica. “São alterações similares às que ocorrem com a exposição prolongada à radiação UVA”, explicou o professor Maurício Baptista, do Instituto de Química da USP, em entrevista à imprensa.

O especialista destaca que a luz azul-branca representa cerca de 50% da radiação solar, mas os protetores solares disponíveis no mercado são eficazes apenas contra os raios UVA e UVB — que, juntos, compõem apenas 5% do espectro solar. “Estamos desprotegidos contra a maior parte da radiação que atinge nossa pele”, alertou.

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Novo desafio para a dermatologia

A pesquisa abre caminho para o desenvolvimento de filtros solares que ofereçam proteção também contra a luz visível. Os cientistas também apontam que antioxidantes e ativos específicos podem ser aliados na prevenção dos efeitos danosos da luz azul, especialmente em tempos de uso intenso de dispositivos eletrônicos.

A descoberta reforça a importância de repensar as estratégias de fotoproteção e indica que o espectro de luz visível pode ter impacto muito maior na saúde da pele do que se imaginava até então.

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