Sobrevivente de queda de avião na Índia desafia estatísticas de segurança aérea

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Vishwash Kumar Ramesh, de 40 anos, sobreviveu a um dos piores desastres aéreos dos últimos anos na Índia, contrariando duas das estatísticas mais conhecidas sobre acidentes com aviões. Ele era passageiro do voo 171 da Air India, que caiu logo após decolar de Ahmedabad com destino a Londres, matando mais de 240 pessoas na última quinta-feira (12).

Ramesh estava na poltrona 11A — um assento localizado na parte frontal da aeronave, área geralmente considerada menos segura em situações de impacto. Ainda assim, ele conseguiu alcançar uma das saídas de emergência a tempo e deixou os destroços do Boeing 787 praticamente ileso.

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Frente do avião é a mais vulnerável, apontam estudos

Historicamente, a dianteira de aeronaves concentra a maior taxa de mortalidade em quedas. Um levantamento da revista TIME, com dados de 35 anos da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), mostrou que passageiros sentados na parte traseira do avião têm uma taxa de mortalidade de 32%, enquanto os da frente enfrentam risco maior, com 38%. Os lugares mais seguros, segundo a pesquisa, são os assentos do meio das fileiras localizadas na cauda, com risco de morte de apenas 28%.

Outro estudo marcante aconteceu em 2012, quando pesquisadores realizaram um experimento inédito: colidiram um Boeing 727 em pleno deserto mexicano, com manequins de teste em todas as regiões da cabine. O impacto destruiu severamente a parte frontal da fuselagem, reforçando a tese de que os ocupantes da cauda têm maior chance de sobreviver.

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Fator decisivo: a saída de emergência

Apesar das estatísticas, o caso de Ramesh exemplifica um fator frequentemente citado por especialistas: a proximidade com uma saída de emergência pode ser crucial. Um estudo da Universidade de Greenwich, no Reino Unido, já havia apontado que passageiros sentados próximos a essas saídas têm significativamente mais chances de escapar, independentemente da localização na aeronave.

“O tempo de evacuação é determinante. A diferença entre a vida e a morte pode estar em poucos segundos”, explicou o engenheiro Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de riscos aeronáuticos.

Segurança relativa e variáveis do acidente

O piloto e instrutor George Rocha destaca que não existe um “lugar absolutamente seguro” dentro de um avião. “Se há incêndio, por exemplo, os tanques de combustível nas asas tornam essa região extremamente crítica. Em pousos na água, já é outra lógica. A segurança é sempre relativa ao tipo de acidente”, observou.

Apesar das diversas análises técnicas e estatísticas, os especialistas concordam que a sobrevivência em um desastre aéreo também envolve fatores imprevisíveis, como o comportamento dos passageiros, a velocidade do resgate e até a sorte.

“Estudos ajudam a entender padrões, mas cada acidente tem sua dinâmica. Estatística não é garantia, é referência”, concluiu Portela.

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