Enfrentar o Everest exige muito mais que preparo físico — é preciso determinação, resistência mental e, sobretudo, coragem. Entretanto, para muitos montanhistas, o verdadeiro desafio começa na descida. Isso porque, no ponto mais alto do planeta, se a morte o alcança, você literalmente se torna parte da paisagem.
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Entre os alpinistas experientes, existe uma espécie de acordo não dito: quem perece nas grandes altitudes permanece ali. Contudo, essa decisão não nasce da frieza ou da falta de empatia. Na prática, tentar resgatar um corpo acima da chamada “zona da morte”, onde o oxigênio mal sustenta a vida e o frio congela até os pensamentos, representa um risco extremo — muitas vezes fatal — para quem tenta ajudar.
Bonita Norris, uma das escaladoras mais jovens a alcançar o cume do Everest, relatou que viu cadáveres durante sua jornada. Conforme explicou, todos que enfrentam a montanha entendem o risco: tentar salvar alguém pode custar outras vidas. Cada passo ali representa um equilíbrio tênue entre sobreviver e desaparecer.
Essas histórias não são exageros de filmes ou séries. Estima-se que mais de 300 corpos permaneçam congelados ao longo da trilha até o cume, preservados pelo frio e pelo tempo. Alguns, inclusive, se tornaram referências macabras para outros aventureiros — como o emblemático “Green Boots”, um alpinista cujas pernas vestidas de verde servem como um sinistro ponto de checagem. Vê-lo significa que você está no caminho certo. Pelo menos por enquanto.
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Afinal, lá no topo do mundo, não há espaço para resgates heroicos ou homenagens de despedida. O Everest não tolera erros. Ele transforma sonhadores em silhuetas eternas de gelo — um aviso silencioso para todos que ousam segui-los.