A recente nomeação de Blaise Metreweli como chefe do MI6, o serviço de inteligência do Reino Unido, ganhou contornos polêmicos após uma investigação revelar que ela seria neta de um conhecido espião nazista ucraniano. Segundo o jornal Daily Mail, documentos históricos apontam que seu avô paterno, Constantine Dobrowolski, colaborou com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e era conhecido pelo codinome “Agente 30” — além do temido apelido de “açougueiro”.
Dobrowolski teria desertado do Exército Vermelho em 1941 para atuar como informante da inteligência alemã na região de Chernihiv, na Ucrânia ocupada. Os arquivos militares analisados em Freiburg, na Alemanha, descrevem sua participação ativa em massacres de civis judeus, inclusive com relatos de saques aos corpos das vítimas do Holocausto. A crueldade atribuída a ele foi tamanha que os soviéticos chegaram a oferecer uma recompensa por sua captura, classificando-o como “o pior inimigo do povo ucraniano”.
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O último registro oficial do agente data de agosto de 1943, antes da retomada da cidade pelo Exército Vermelho. Após sua suposta morte ou desaparecimento, sua esposa e filho migraram para o Reino Unido, onde o filho trocou o sobrenome e tentou apagar os vínculos com o passado familiar.
Defesa do governo
Blaise Metreweli, que ingressou no serviço secreto britânico em 1999 e tem carreira marcada por missões no Oriente Médio e Europa, ainda não se manifestou publicamente. O governo britânico, no entanto, saiu em sua defesa.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores declarou que a agente “não teve qualquer contato com seu avô paterno e não é responsável por atos cometidos por gerações anteriores”. O comunicado ainda afirma que a complexidade de sua herança familiar “reforça seu compromisso em combater regimes autoritários e proteger a segurança nacional”.
A revelação, no entanto, levanta questões sensíveis dentro da comunidade de segurança internacional. Ainda que não interfira diretamente em sua nomeação, o episódio reacende o debate sobre até que ponto o passado familiar deve influenciar cargos de extrema confiança.