O Japão executou nesta sexta-feira (27) Takahiro Shiraishi, conhecido como o “assassino do Twitter”, condenado à morte por uma série de homicídios brutais que chocaram o país. Ele tinha 34 anos e cumpria pena no corredor da morte desde 2020, quando foi sentenciado por matar nove pessoas, a maioria jovens mulheres que conheceu pela rede social, hoje chamada de X.
Shiraishi ficou conhecido por atrair vítimas com tendências suicidas, prometendo ajudá-las a tirar a própria vida. Em vez disso, as levava para seu apartamento em Zama, nos arredores de Tóquio, onde as estrangulava, esquartejava e escondia os restos mortais em geladeiras e caixas plásticas. As vítimas tinham entre 15 e 26 anos.
De acordo com o ministro da Justiça do Japão, Keisuke Suzuki, os crimes foram motivados por interesses egoístas, sexuais e financeiros. “As vítimas foram brutalmente assassinadas e tiveram seus corpos desmembrados e ocultados. Os atos do condenado geraram profundo pavor na sociedade”, afirmou.
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Restos humanos e areia de gato
Os assassinatos vieram à tona em outubro de 2017, quando a polícia investigava o desaparecimento de uma jovem de 23 anos que havia publicado mensagens sobre suicídio nas redes. A partir de informações fornecidas pelo irmão da vítima, a polícia rastreou Shiraishi. Em sua residência, os investigadores encontraram 240 fragmentos de restos humanos e ferramentas usadas nos crimes, como serras, facas e tesouras. O criminoso utilizava areia de gato para tentar disfarçar o odor da decomposição.
Durante o julgamento, a defesa alegou que os assassinatos foram consentidos pelas vítimas, mas o tribunal rejeitou a tese, afirmando que Shiraishi se aproveitou de pessoas vulneráveis e agiu de maneira premeditada. O juiz classificou os crimes como “extremamente cruéis” e afirmou que houve violação profunda da dignidade humana.
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Pena de morte no Japão
Essa foi a primeira execução no Japão desde 2022. O país ainda mantém a pena de morte como uma medida legal, aplicada exclusivamente por enforcamento e com aviso prévio de apenas algumas horas. Segundo o governo, mais de 100 condenados aguardam atualmente no corredor da morte.
Apesar das críticas internacionais e da opacidade do sistema, a pena capital continua contando com amplo apoio da população japonesa: uma pesquisa oficial realizada em 2024 apontou que 83% dos entrevistados consideram a execução “inevitável” em certos crimes. Japão e Estados Unidos são os únicos países do G7 que ainda utilizam a pena de morte.