O piloto do balão que caiu em Praia Grande, no sul de Santa Catarina, prestou depoimento à Polícia Civil e revelou os momentos de pânico vividos logo após a decolagem, no último sábado (21). O acidente provocou a morte de oito pessoas e deixou a comunidade em choque.
Segundo o relato de Elves de Bem Crescêncio, o fogo começou cerca de dois minutos após o balão deixar o solo. Ele sentiu cheiro de queimado e, ao verificar o cesto, viu as primeiras chamas envolvendo a capa de um dos cilindros de gás. “Tentei apagar com o pé, mas não consegui”, disse.
Em uma tentativa desesperada de conter o incêndio, Elves pegou o extintor de incêndio do balão — que falhou. “Tirei o lacre, mas quando apertei, não saiu nada de pó”, afirmou o piloto, que ainda sofreu queimaduras ao tentar controlar o fogo.
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Com a situação fora de controle, Elves decidiu realizar um pouso de emergência e orientou os passageiros a saltarem assim que o balão tocasse o solo. Parte do grupo conseguiu escapar, mas a aeronave voltou a subir com os demais ocupantes. Quatro vítimas morreram carbonizadas; outras quatro não resistiram à queda.
Após o acidente, o piloto permaneceu no local e acionou os serviços de emergência. “Eu liguei para o 190, pedi ambulância, pedi o IML. Fiquei lá por cerca de duas horas”, relatou. Com cerca de 700 horas de voo, ele tem licença da Anac há mais de três anos.
O tempo no momento da decolagem era estável, com temperatura de 13°C. Cerca de 40 balões levantaram voo na mesma manhã em Praia Grande, conhecida por atrair praticantes do balonismo.
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A empresa responsável pelo voo, Sobrevoar, afirmou em nota que segue todas as normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e lamentou profundamente o acidente, dizendo que está prestando assistência às famílias das vítimas.
Já a Anac destacou que o balonismo é uma prática de alto risco e confirmou que o balão tinha capacidade para até 1.950 quilos. As investigações seguem em andamento para identificar a origem do incêndio e apurar se houve falha técnica ou negligência.
Diante da tragédia, as autoridades de Santa Catarina discutem a criação de protocolos mais rígidos para a operação de balões no estado. Os voos na cidade estão suspensos temporariamente até a conclusão das apurações.