Rebecca Sharrock pertence a um grupo extremamente raro de pessoas com uma habilidade fora do comum: a Memória Autobiográfica Altamente Superior, ou HSAM. Essa condição, ainda pouco compreendida, tem atraído o interesse de cientistas ao redor do mundo e já é objeto de estudos em neurociência avançada.
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Pesquisadores da Universidade da Califórnia acompanham o caso de Rebecca, que consegue se lembrar, com fidelidade impressionante, de quase todos os acontecimentos da própria vida. Estima-se que ela acesse com clareza cerca de 95% das experiências vividas — incluindo sons, cheiros e até as emoções sentidas em cada situação, como se tudo tivesse ocorrido na véspera.
O diagnóstico chegou cedo: aos 12 anos, os pais perceberam que ela descrevia eventos passados com precisão incomum. Desde então, sua memória extraordinária não apenas fascina os cientistas, mas também revela um lado mais doloroso dessa condição.
Apesar de parecer um dom, viver com HSAM pode ser angustiante. Rebecca revive memórias difíceis com a mesma intensidade emocional do momento original. Um episódio triste da infância, por exemplo, retorna como se tivesse acabado de acontecer — e ela sente tudo novamente, como se ainda fosse aquela criança de três anos.
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Assim, para quem não consegue esquecer, até os eventos mais antigos não viram apenas lembranças. Tornam-se presenças constantes, muitas vezes indesejadas, que acompanham cada novo dia — como sombras do passado que insistem em permanecer no presente.