Esta quarta-feira, 9 de julho de 2025, pode entrar para a história como o dia mais breve já registrado. Astrônomos estimam que o planeta complete sua rotação entre 1,3 e 1,51 milissegundo mais rápido do que o habitual — um recuo quase imperceptível no relógio, mas que revela fenômenos complexos por trás do movimento da Terra.
A expectativa é que este não seja um evento isolado. Estudos apontam que o mesmo deve ocorrer ainda este inverno, nos dias 22 de julho e 5 de agosto, sinalizando uma tendência que intriga pesquisadores. Desde 2020, a Terra vem quebrando sucessivos recordes de “dias mais curtos”, algo que contrasta com o que acontecia anteriormente, quando o planeta girava gradualmente mais devagar por conta da força gravitacional da Lua.
Embora o impacto não seja sentido pela maioria das pessoas no cotidiano, até pequenas variações de milissegundos podem gerar ajustes delicados em sistemas como GPS, redes bancárias e operações de telecomunicações. “Os relógios atômicos são tão precisos que conseguem detectar essas mudanças ínfimas”, explicou Graham Jones, astrofísico da Universidade de Londres, que analisou dados do Observatório Naval dos Estados Unidos e de centros globais de monitoramento da rotação da Terra.
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O que está acelerando a Terra?
Os cientistas ainda buscam respostas definitivas para a aceleração observada desde 2020. Entre as hipóteses estão o derretimento acelerado de geleiras, alterações nos ventos e correntes oceânicas, além de deslocamentos do núcleo metálico líquido do planeta — fatores capazes de redistribuir a massa terrestre e afetar sua rotação.
“O modo como a massa se distribui influencia diretamente a velocidade de rotação de qualquer corpo”, destacou o geofísico Richard Holme, da Universidade de Liverpool. Ele lembra que é o mesmo princípio físico observado quando um patinador gira mais rápido ao recolher os braços.
Há ainda efeitos sazonais curiosos: no verão do hemisfério norte, o surgimento das folhas nas árvores transfere parte da massa do solo para o topo das copas, ligeiramente mais longe do eixo de rotação, alterando a velocidade do giro da Terra de maneira quase imperceptível.
Enquanto isso, o geocientista Stephen Meyers, da Universidade de Wisconsin-Madison, reforça que, a longo prazo, o afastamento gradual da Lua tende a frear o planeta — e estima que os dias podem chegar a ter 25 horas, mas apenas em cerca de 200 milhões de anos.
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Pode faltar um segundo no futuro
Com a Terra girando mais rápido, estudiosos discutem a possibilidade inédita de precisar remover um segundo do tempo oficial — o chamado “segundo intercalar negativo” — para manter a sincronia dos relógios com a rotação do planeta. Até hoje, só foram adicionados segundos extras para compensar a desaceleração natural, mas nunca o contrário.
Enquanto tentam decifrar todas as variáveis por trás do fenômeno, cientistas seguem monitorando cada milésimo. O que é certo, por ora, é que 9 de julho de 2025 poderá marcar um novo patamar nesse curioso e silencioso recorde da Terra.