Represas humanas alteraram o eixo de rotação da Terra, revela estudo de Harvard

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A construção de represas ao longo da história provocou uma mudança notável na posição dos polos da Terra, conforme apontado em um estudo recente publicado na Geophysical Research Letters em 8 de julho. Conduzido por especialistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, o estudo analisou o impacto do armazenamento de água resultante da construção de quase 7 mil barragens entre 1835 e 2011, revelando que essas estruturas foram suficientes para causar um deslocamento nos polos terrestres.

De acordo com os pesquisadores, a quantidade de água represada durante esse período é equivalente a encher o Grand Canyon duas vezes. Esse fenômeno resultou no deslocamento dos polos da Terra em cerca de um metro, enquanto o nível médio global do mar caiu aproximadamente 21 milímetros. Embora o deslocamento seja considerado pequeno, os cientistas acreditam que ele oferece importantes insights sobre os efeitos das mudanças climáticas, especialmente no que diz respeito ao derretimento das calotas polares.

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A movimentação dos polos e suas implicações

Natasha Valencic, líder do estudo e pós-graduanda em Ciências da Terra e Planetárias, explicou que “ao retermos água atrás de represas, não só removemos água dos oceanos, o que leva a uma queda global no nível do mar, como também redistribuímos a massa de maneira diferente ao redor do mundo”. Ela enfatiza que, embora essa movimentação não indique o início de uma nova era glacial, as implicações para o nível do mar são significativas.

O impacto das represas no deslocamento dos polos

Para analisar como as barragens afetaram os polos, os cientistas utilizaram um banco de dados global que mapeia a localização e o volume das águas represadas. A pesquisa foi dividida em duas fases distintas: entre 1835 e 1954, os polos se moveram em direção ao Equador, com o Polo Norte se deslocando 20,5 centímetros. Entre 1954 e 2011, com o aumento de projetos de represas na África Oriental e na Ásia, o movimento foi ainda maior, com um deslocamento adicional de 57 centímetros em direção ao oeste.

No total, entre 1835 e 2011, os polos se deslocaram cerca de 113 centímetros. Durante o século 20, o movimento foi de aproximadamente 104 centímetros, período em que o nível médio do mar aumentou em média 1,2 milímetro por ano. Nesse intervalo, as represas conseguiram reter cerca de um quarto da água que normalmente teria ido para os oceanos.

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A dinâmica do deslocamento e suas consequências para o nível do mar

Esse movimento dos polos pode ser entendido por meio de uma analogia simples: ao adicionar peso a um lado de uma bola em rotação, a parte mais pesada tende a se mover em direção ao Equador, afastando-se do eixo de rotação. O mesmo princípio se aplica à Terra, onde a camada externa sólida oscila e diferentes áreas da superfície acabam se reposicionando ao redor do eixo de rotação.

Valencic alerta que a localização das represas e reservatórios pode alterar significativamente a geometria da elevação do nível do mar, um fator importante a ser considerado nas análises climáticas futuras. “Essas mudanças podem ser grandes e muito significativas”, conclui ela.

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