No interior de Santa Catarina, um pequeno município de pouco mais de 3,6 mil habitantes guarda um dos mais fascinantes tesouros geológicos do Brasil — e do mundo. Vargeão, no Oeste catarinense, foi construída dentro de uma cratera formada pelo impacto de um asteroide há cerca de 80 milhões de anos.
Com 12 quilômetros de diâmetro, a estrutura geológica conhecida como Domo de Vargeão é resultado de uma colisão com um corpo celeste de aproximadamente 550 metros de diâmetro. O impacto liberou uma energia equivalente a 500 mil bombas atômicas como a lançada sobre Hiroshima, alterando para sempre a geografia da região.
As pesquisas sobre a cratera começaram ainda na década de 1970 e, desde então, Vargeão passou a integrar a lista da Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), que reconhece locais de relevância científica nacional.
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De acordo com Álvaro Penteado Crósta, professor da Unicamp e referência internacional em impactos de asteroides, formações como essa são extremamente raras na Terra, já que a maioria foi apagada por processos de erosão e movimentações tectônicas. Preservada, a cratera catarinense oferece uma oportunidade única de estudar a história do planeta.
No fim de junho deste ano, Vargeão recebeu uma comitiva de geólogos nacionais e estrangeiros, incluindo Crósta, o professor Gabriel Silva (SP) e os italianos Gabrielle Giulli e Valeria de Santis. O grupo percorreu formações rochosas e visitou o Museu de Vargeão, ampliando o conhecimento sobre o local e reforçando o interesse internacional pela região.
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O prefeito Amarildo Paglia celebrou a visita como uma oportunidade de valorização da ciência e do patrimônio natural do município. “Estamos abertos à pesquisa e ao turismo científico. Vargeão é muito mais do que um ponto no mapa — é um laboratório geológico a céu aberto”, destacou.
A cratera, que já despertou comparações com formações observadas na Lua e em Marte, pode se tornar um polo de turismo educacional e científico, fortalecendo a conexão entre ciência e desenvolvimento regional.