Uma das obras mais provocativas da arte contemporânea voltou ao centro das atenções após um visitante devorar a banana exposta na instalação Comedian, do artista italiano Maurizio Cattelan, no Centre-Pompidou Metz, na França. O episódio ocorreu em 12 de julho e foi confirmado pelo museu em comunicado oficial divulgado nesta segunda-feira (21).
A obra, que consiste em uma banana presa à parede com fita adesiva, foi concebida por Cattelan como uma crítica à especulação financeira e à fragilidade do sistema de valor da arte. Segundo o museu, a fruta é um elemento intencionalmente perecível da instalação e é substituída com regularidade, conforme as instruções do próprio artista. Após o incidente, a banana foi rapidamente reposta.
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Apesar da rápida reposição, Cattelan lamentou que o visitante tenha reduzido a obra a um simples lanche, ignorando os elementos simbólicos — a casca, a fita e o gesto artístico — que compõem sua totalidade. “A pessoa não entendeu a obra como um todo”, declarou o artista, em nota reproduzida pelo museu.
Essa não foi a primeira vez que Comedian foi consumida por membros do público. Em 2019, o artista performático David Datuna comeu a banana diante de uma plateia na Art Basel Miami, pouco depois de a obra ter sido vendida por US$ 120 mil (cerca de R$ 670 mil). Casos semelhantes ocorreram em 2023, em Seul, e em 2024, quando o bilionário chinês Justin Sun comprou a obra por US$ 6,24 milhões (aproximadamente R$ 35 milhões) e também comeu a banana como parte de uma performance pessoal.
O Centre-Pompidou Metz ironizou a recorrência dos episódios, afirmando que Comedian pode ser considerada “a obra de arte mais comida dos últimos 30 anos”.
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O caso reacende o debate sobre os limites da arte conceitual e o papel do público diante de obras que desafiam a materialidade e o valor tradicional. Para críticos, ações como essa evidenciam o quanto o gesto artístico pode transcender o objeto físico. Já para outros, o ato de comer a banana pode ser visto como vandalismo ou incompreensão da proposta.
Independentemente da interpretação, Comedian segue cumprindo seu objetivo central: gerar reflexão, controvérsia e, sobretudo, conversa.