Uma publicação feita nesta quarta-feira (23) pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil causou controvérsia ao utilizar uma referência ao filme E.T. – O Extraterrestre (1982) para incentivar a saída voluntária de imigrantes em situação irregular nos EUA. A mensagem, divulgada nas redes sociais oficiais da missão diplomática em Brasília, gerou críticas por seu tom considerado insensível e por reforçar políticas migratórias mais rígidas adotadas recentemente.
A imagem postada trazia o icônico personagem do cinema acompanhado do texto: “Se você está nos EUA ilegalmente, faça como o E.T.: é hora de ligar para casa”. A mensagem ainda promovia o uso do aplicativo CBP Home, criado pelo Departamento de Estado norte-americano, para facilitar a autodeportação voluntária. A ferramenta oferece passagens aéreas gratuitas, isenção de penalidades por permanência irregular e até um bônus de mil dólares para cobrir custos de retorno ao país de origem.
A ação integra uma série de medidas migratórias mais duras adotadas pela administração do presidente Donald Trump, que tomou posse em janeiro deste ano. A Embaixada também vem reforçando publicamente que a concessão de vistos aos estrangeiros não é um direito garantido, mas sim um privilégio concedido sob critérios estritos.
A publicação provocou forte reação nas redes sociais e acendeu o debate sobre a forma como os Estados Unidos vêm abordando a questão da imigração ilegal. Críticos apontam que o uso de uma metáfora cinematográfica para tratar de um tema delicado humaniza a retórica de expulsão sem considerar as nuances sociais, econômicas e humanitárias envolvidas.
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Especialistas em relações internacionais e direitos migratórios consideraram a abordagem da Embaixada inadequada e politicamente carregada. Embora o programa de retorno voluntário exista há anos, o tom adotado na campanha atual, segundo analistas, busca reforçar a linha dura do atual governo sem o devido cuidado com a comunicação diplomática.
Procurada, a Embaixada dos EUA não se pronunciou sobre a repercussão negativa até o momento. O tema deve continuar em discussão nos próximos dias, principalmente entre organizações que atuam em defesa dos direitos dos migrantes.