Seagarland e o ouro perdido: a saga surreal do austríaco que criou uma nação no fundo do mar

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A história de Werner Rydl, austríaco naturalizado brasileiro, é uma daquelas que desafia os limites entre realidade e delírio. Aos 67 anos, morando em uma casa modesta na praia de Ponta do Mel, no interior do Rio Grande do Norte, ele afirma ter fundado um país submerso em águas internacionais próximo à costa brasileira, onde guarda uma fortuna de mais de 300 quilos de ouro.

Batizada de Seagarland, a suposta nação seria uma espécie de refúgio libertário, livre de leis, impostos e instituições — inclusive aquelas que, segundo Rydl, estariam falidas moralmente tanto no Brasil quanto na Áustria. A localização exata? Um ponto indeterminado entre 40 e 60 metros de profundidade na Foz do Amazonas, onde, segundo ele, a mítica Atlântida teria existido.

Rydl garante que desenvolveu uma tecnologia semelhante à de submarinos para armazenar o ouro em cápsulas submersíveis e invioláveis, protegidas apenas por “criaturas marinhas”. Nenhuma imagem, projeto técnico ou confirmação externa respalda suas alegações. Ainda assim, ele insiste que só ele tem acesso ao tesouro e que sua riqueza, avaliada em mais de R$ 17 bilhões, está registrada em uma autodeclaração de imposto de renda.

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A trajetória de Rydl chama atenção desde os anos 1990, quando enfrentou acusações de sonegação fiscal na Áustria. Na época, decidiu transformar suas economias em joias, que posteriormente teriam sido derretidas e transportadas para o fundo do mar — um suposto plano de proteção contra o que chama de “sistema corrupto”.

Em 2020, voltou ao centro das atenções durante negociações em Manaus com representantes da refinaria Doromet, em São Paulo. A operação envolveria a venda de parte do ouro submerso. O problema: o sócio da empresa, Brubeyk Nascimento, foi apontado pela Polícia Federal como um dos principais envolvidos no contrabando de ouro em terras indígenas. Quando questionado sobre a origem do metal apreendido, ele citou Seagarland como sua fonte.

Exames periciais indicaram que o ouro analisado não condizia com a origem declarada por Rydl. A PF passou a suspeitar que a história da nação fictícia funcionaria como uma fachada para encobrir transações ilegais. Rydl, por sua vez, alegou que o material pode ter sido misturado com ouro de terceiros, sem seu conhecimento.

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Em sua defesa, o austríaco se apresenta como alvo de perseguição estatal por ser rico. Rejeita as acusações de envolvimento em atividades ilícitas e diz ser vítima de um sistema que criminaliza o sucesso financeiro. Seus advogados já o descreveram como “excêntrico”, em uma tentativa de suavizar o impacto judicial de suas declarações e atitudes.

Apesar dos escândalos, Werner Rydl mantém firme sua narrativa. Entre bandeiras libertárias e uma imagem da princesa Maria Leopoldina da Áustria na parede, ele diz que Seagarland é mais do que uma invenção — é um símbolo de resistência contra o que considera um mundo falido. Se é fantasia ou golpe, ainda não se sabe. Mas uma coisa é certa: poucos personagens misturam ficção, ideologia e ouro com tanta ousadia quanto esse autodeclarado monarca do fundo do mar.

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