Em uma decisão histórica, a Justiça chilena determinou que os herdeiros do ex-ditador Augusto Pinochet restituam ao Estado o equivalente a mais de R$ 89 milhões, valor identificado como proveniente de desvios de recursos públicos. A sentença, proferida pela 7ª Vara Cível de Santiago, atende a uma ação movida pelo Conselho de Defesa do Estado e reconhece que o dinheiro foi transferido de forma irregular para contas pessoais do general durante seu regime.
De acordo com o jornal El Mercurio, a decisão atinge 16 herdeiros, incluindo a falecida esposa de Pinochet, Lucía Hiriart. A juíza Carolina Cabello apontou que parte dos valores foi usada na compra de bens e aplicações financeiras sem respaldo legal, configurando enriquecimento ilícito com verbas do erário.
++ Índia ultrapassa Brasil em saneamento básico, evidenciando desafios persistentes
O montante a ser devolvido — US$ 16.248.768 — corresponde, segundo a magistrada, à diferença entre o patrimônio acumulado por Pinochet e os bens que compõem legalmente a herança. A origem desses recursos remete ao escândalo conhecido como caso Riggs, revelado em 2004, quando investigações mostraram a existência de contas secretas mantidas pelo ex-ditador em bancos estrangeiros.
A Justiça rejeitou o argumento de prescrição levantado pela defesa dos herdeiros, ao entender que os efeitos financeiros dos atos ilícitos ainda produzem prejuízos ao Estado. O Conselho de Defesa do Estado afirmou que a medida é essencial para reparar os danos causados pelos desvios sistemáticos durante o governo de Pinochet.
++ Brasil proíbe testes em animais para cosméticos e avança na proteção animal
O caso é visto no Chile como mais um passo simbólico e jurídico no enfrentamento do legado da ditadura militar (1973–1990), marcada por violações de direitos humanos e má gestão de recursos públicos. A restituição dos valores, segundo o governo chileno, representa não apenas uma correção econômica, mas também um gesto de justiça histórica.