Muito além da beleza estética, as penas do pavão escondem uma capacidade até então desconhecida: a de amplificar luz de forma semelhante a lasers. Um estudo publicado na revista Scientific Reports revelou que estruturas microscópicas presentes nas penas funcionam como cavidades ópticas naturais, capazes de intensificar feixes luminosos.
Durante os experimentos, cientistas aplicaram corantes fluorescentes nas penas e as iluminaram com uma fonte de luz. O que observaram foi surpreendente: os ocelos — manchas arredondadas que lembram olhos — emitiram feixes estreitos de luz amarela-esverdeada, um comportamento típico de sistemas laser.
Embora invisível a olho nu, o fenômeno foi detectado por equipamentos laboratoriais sensíveis e representa a primeira identificação desse tipo de emissão em uma estrutura biológica.
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Reflexos naturais que imitam tecnologia
Diferente dos lasers convencionais, que exigem engenharia de precisão para criar cavidades que amplificam a luz, as penas de pavão realizam esse processo espontaneamente, graças à organização complexa de suas microestruturas. Já se sabia que as cores intensas dessas aves resultam da forma como suas penas refletem a luz, e não de pigmentos. Agora, os cientistas descobriram que essa mesma arquitetura pode canalizar e amplificar a luz.
A equipe também observou que os feixes emitidos tinham comprimentos de onda idênticos mesmo em regiões das penas com cores distintas. Isso sugere a existência de uma uniformidade estrutural interna, possivelmente composta por grânulos de proteína, que atuariam como cavidades refletoras da luz.
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Possíveis aplicações tecnológicas
Ainda não há comprovação de que os pavões utilizem essa emissão luminosa para comunicação ou outra função específica. No entanto, os pesquisadores destacam que o achado pode inspirar o desenvolvimento de novas tecnologias, como sensores ópticos de alta precisão e sistemas de detecção biológica.
Outra possibilidade é o uso de estruturas semelhantes em tecidos humanos, com aplicações em exames de imagem e terapias médicas mais seguras baseadas em luz. A pesquisa pode ainda auxiliar na detecção de vírus e outras partículas microscópicas por meio da resposta luminosa de estruturas biológicas organizadas.
Com a descoberta, as penas do pavão deixam de ser apenas um espetáculo visual da natureza para se tornarem fonte de inovação tecnológica, mostrando mais uma vez como a biologia pode influenciar o futuro da ciência.