Quase 60 anos após ser encontrada morta nos arredores de Chicago, uma mulher indígena teve sua identidade finalmente revelada graças aos avanços da ciência forense. Trata-se de Martha Bassett, uma jovem natural de Wapato, no estado de Washington, que havia desaparecido em 1967 após se mudar para o Meio-Oeste dos Estados Unidos. A confirmação da identidade foi divulgada pelas autoridades no dia 24 de julho deste ano.
Martha era uma das muitas pessoas indígenas que migraram para áreas urbanas nos anos 1960 como parte da Lei de Realocação Indígena de 1956, que incentivava a saída de comunidades tribais em direção aos grandes centros. Após a mudança para Chicago, ela perdeu contato com a família, que chegou a viajar até a cidade em busca de informações, sem sucesso.
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O corpo de uma mulher não identificada foi encontrado em 30 de setembro de 1968, em uma área arborizada próxima à rodovia I-55, no Condado de Will, Illinois. Na época, a falta de recursos técnicos impediu que a vítima fosse identificada. Um relatório médico apontou trauma craniano como causa da morte, mas nenhuma evidência adicional foi localizada, e os restos mortais foram enterrados sem nome.
O caso ficou esquecido por décadas até ser reaberto em 2009, impulsionado pelos avanços na análise genética. Fragmentos dos ossos foram enviados para instituições como a Universidade do Texas do Norte e o Instituto Smithsoniano, que apontaram características compatíveis com ascendência indígena americana e asiática.
Com base nessa descoberta, investigadores passaram a consultar registros de desaparecidos em comunidades indígenas de estados vizinhos. A divulgação do caso em folhetos e sites especializados levou ao contato com familiares distantes, o que permitiu a coleta de uma amostra de DNA de uma sobrinha de Martha. O material confirmou a identidade da vítima.
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A solução do caso foi comemorada pelas autoridades como um marco do uso ético e eficaz da tecnologia em investigações de longa data. “É um exemplo poderoso do que pode ser alcançado quando ciência e determinação caminham juntas. Mesmo décadas depois, ainda é possível oferecer respostas e conforto a famílias que viveram por anos com incertezas”, declarou o escritório do legista do Condado de Will.
A identificação de Martha Bassett devolve, enfim, um nome a uma vítima esquecida — e encerra um dos mais antigos mistérios não resolvidos da região.