A tartaruga-cabeçuda Jorge, conhecida por ser o animal marinho que mais tempo passou em cativeiro no mundo, está oficialmente sem localização desde 29 de julho. O sumiço foi registrado após o rastreador via satélite, que monitorava seus deslocamentos no mar, parar de emitir sinais.
Jorge havia sido reinserida na natureza em abril deste ano, após viver cerca de 40 anos no aquário de Mendoza, na Argentina, onde se tornou uma figura popular. A interrupção do sinal, segundo autoridades da cidade argentina, não é necessariamente motivo de alarme. Fatores como falhas técnicas, acúmulo de organismos marinhos no equipamento (bioincrustação) ou até o esgotamento da bateria do dispositivo podem estar por trás do problema. “A falta de sinal não significa que algo tenha acontecido com Jorge”, informou a prefeitura em nota.
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Da Bahia à Argentina e de volta ao mar
Nascida no litoral da Bahia por volta de 1960, Jorge foi capturada por acidente em redes de pesca no litoral argentino em 1984 e nunca mais retornou ao oceano — até 2024. Após uma batalha judicial iniciada por ativistas ambientais, a tartaruga passou por um processo de readaptação que durou três anos.
Após ser libertada, Jorge seguiu um caminho inesperado: em vez de retornar imediatamente à Bahia, sua origem genética confirmada, ela desviou para o litoral do Rio de Janeiro e passou cerca de três meses na Baía de Guanabara.
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O Projeto Aruanã, que atua no monitoramento de tartarugas marinhas na região sudeste, também acompanhava os deslocamentos do animal e foi acionado para esclarecer o desaparecimento do sinal.
Mesmo com o sumiço temporário do rastreador, a trajetória de Jorge segue inspirando discussões sobre conservação marinha, reabilitação animal e os desafios de reinserir espécies em habitat natural após longos períodos de cativeiro.