A estrada escocesa que virou sensação mundial e agora desafia suas próprias comunidades

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O que era para ser um impulso econômico para o norte da Escócia se transformou em um dilema para moradores e autoridades. A North Coast 500 (NC500), rota turística de 830 quilômetros que percorre as paisagens dramáticas das Highlands, atrai milhares de visitantes por ano, mas também sobrecarrega vilarejos e estradas pouco preparadas para tamanha demanda.

Lançada há dez anos pela organização North Highland Initiative, então presidida pelo príncipe Charles, a proposta era revitalizar regiões até então esquecidas pelos roteiros de viagem. O circuito, que começa e termina em Inverness, rapidamente conquistou as redes sociais, tornando-se um destino obrigatório para aventureiros em busca de cenários naturais e vilas pitorescas.

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Mas a fama trouxe problemas. Ruas estreitas congestionadas por motorhomes, lixo deixado por campistas e denúncias de turismo predatório fizeram com que, em 2025, o guia Fodor’s Travel incluísse a NC500 na lista de destinos a evitar. Moradores relatam que, especialmente após a pandemia, aumentou o número de viajantes que estacionam vans em áreas impróprias e evitam pagar por hospedagem.

Ainda assim, a rota também gerou oportunidades. Cidades como Durness, Ullapool e Thurso recebem um fluxo constante de turistas que consomem em restaurantes, pousadas e mercados locais. Richard Alcorn, dono de um bed and breakfast, admite que o turismo sustentou seu negócio, embora reconheça a necessidade urgente de regras mais rígidas e investimentos em infraestrutura.

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Em meio a críticas, há sinais de mudança: a oferta gastronômica, antes limitada, hoje apresenta pratos elaborados com ingredientes frescos e da região. Para empreendedores como Lisa MacLeod, proprietária do restaurante Old School, a NC500 é uma vitrine que leva visitantes a lugares que nunca conheceriam — desde que os benefícios sejam equilibrados com os impactos sociais e ambientais.

O futuro da estrada mais famosa da Escócia depende de um ponto de equilíbrio delicado: preservar o patrimônio cultural e natural sem afastar os turistas que mantêm viva a economia local. Enquanto autoridades e comunidades buscam soluções, a NC500 segue dividindo opiniões — para uns, um cartão-postal; para outros, um símbolo dos excessos do turismo moderno.

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