Em 8 de setembro de 1999, nasceu em North Grafton, Massachusetts (EUA), um filhote de gato que chamaria a atenção da medicina veterinária e do público mundial. Batizado como Frank e Louie, o animal apresentava uma condição extremamente rara chamada diprosopia, ou síndrome de Janus — uma má-formação congênita que causa a duplicação de partes da face.
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Essa anomalia resultou em duas bocas, dois narizes e três olhos, todos controlados por um único cérebro. Normalmente, casos assim levam o animal à morte em poucos dias. Contudo, Frank e Louie contrariou todas as previsões e, gradualmente, tornou-se o gato Janus mais longevo já registrado, alcançando 15 anos e 87 dias de vida.
Quando ainda era um recém-nascido, o prognóstico para o gatinho parecia desanimador. Encaminhado à Universidade de Medicina Veterinária Cummings com apenas 24 horas de vida, ele chegou a ter o sacrifício sugerido devido à gravidade de sua condição. Entretanto, a enfermeira veterinária Martha “Marty” Stevens tomou uma decisão inesperada. Ela o adotou e passou a cuidar pessoalmente do animal.
Durante três meses, Martha o alimentou com uma sonda a cada duas horas, até que ele conseguiu comer sozinho. Esse cuidado dedicado foi crucial para que o filhote superasse a fase mais crítica da vida. Fisicamente, Frank e Louie possuía três olhos — sendo o central não funcional — e duas bocas. Apenas a do lado direito, porém, estava ligada ao esôfago, o que lhe permitia se alimentar normalmente.
Apesar da aparência incomum, sua saúde manteve-se estável. Além disso, sua personalidade conquistava todos ao redor. Ele era descrito como um gato calmo, sociável e até comparado a um cão por seu comportamento dócil. Frank e Louie passeava de coleira, andava de carro e convivia pacificamente com outros animais da casa, incluindo um cachorro e até um papagaio que cantava ópera.
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Em 2012, a impressionante longevidade do felino recebeu reconhecimento internacional. Frank e Louie entrou oficialmente para o Guinness World Records como o gato Janus mais velho já registrado na história. Dois anos depois, em 4 de dezembro de 2014, ele faleceu após ser diagnosticado com um câncer agressivo. Sua partida encerrou uma trajetória única, marcada pela superação e pelo afeto recebido.
A diprosopia, condição responsável por sua aparência, ocorre durante o desenvolvimento embrionário devido à duplicação de estruturas craniofaciais. Embora quase sempre fatal, a história de Frank e Louie tornou-se um símbolo de esperança, compaixão e da força que o cuidado dedicado pode gerar.