
As relações entre Brasil e Israel entraram em novo estágio de tensão nesta terça-feira (27), após o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, acusar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser “antissemita declarado e apoiador do Hamas”. A declaração foi publicada na rede social X, acompanhada de uma imagem feita por inteligência artificial que retratava Lula como um fantoche controlado pelo líder supremo do Irã, Ali Khamenei.
O ataque ocorreu depois da decisão brasileira de se retirar da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organismo criado na década de 1990 para combater o antissemitismo e promover a educação sobre o Holocausto. Para Katz, a saída “coloca o Brasil ao lado de regimes como o Irã, que negam o Holocausto e ameaçam a existência de Israel”.
++ Livro sobre príncipe Andrew expõe relatos de infância marcada por abusos e vícios
O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, justificou a decisão afirmando que o Brasil se sentia “manipulado” pela definição de antissemitismo adotada pela IHRA, que, segundo ele, estaria sendo usada de forma política. Amorim ressaltou que o país não nega o Holocausto e lembrou que Lula já visitou o Museu do Holocausto em Israel, mas criticou o uso da memória da tragédia como justificativa para o que chamou de “genocídio na Palestina”.
Escalada de atritos
A crise diplomática se intensificou nos últimos meses. Em setembro, Israel retirou a indicação do diplomata Gali Dagan para assumir a embaixada em Brasília, após a falta de resposta do governo brasileiro. Além disso, Lula foi declarado “persona non grata” por autoridades israelenses depois de comparar ações militares em Gaza às práticas nazistas contra judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
O Brasil, por sua vez, apoiou processos contra Israel na Corte Internacional de Justiça relacionados a acusações de genocídio. Em maio, o governo brasileiro transferiu o embaixador Frederico Meyer para Genebra após o diplomata ser alvo de críticas durante visita ao Museu do Holocausto em Jerusalém — episódio considerado inaceitável pelo Itamaraty.
++ Essa é uma das criaturas mais curiosas das profundezas oceânicas; conheça-a
Com o conflito em Gaza ainda em curso, o governo brasileiro tem sinalizado que não pretende reaproximar-se de Israel no curto prazo, mantendo críticas diretas à gestão de Benjamin Netanyahu e defendendo negociações que incluam a criação de um Estado palestino.