Cientistas da ETH Zurique, uma das instituições de pesquisa mais prestigiadas da Suíça, apresentaram uma proposta audaciosa para tentar frear o aquecimento global. Eles sugerem lançar toneladas de pó de diamante na estratosfera. O estudo foi publicado na revista Geophysical Research Letters.
O plano envolve a injeção de cinco milhões de toneladas de partículas de diamante, cada uma com 150 nanômetros de diâmetro, no alto da atmosfera. As partículas funcionariam como espelhos, refletindo a radiação solar. Assim, espera-se que essa ação reduza as temperaturas globais em até 1,6 °C. Esse número é significativo, pois supera o limite de 1,5 °C previsto no Acordo de Paris de 2015.
A proposta surge em meio aos desafios que os métodos anteriores de geoengenharia enfrentam. Originalmente, os pesquisadores planejavam a injeção de aerossóis estratosféricos com dióxido de enxofre (SO2). No entanto, experiências mostraram que essa substância, além de poluente e mais pesada que o ar, aqueceria a estratosfera, contrariando o objetivo de resfriamento. Para buscar alternativas ao SO2, os pesquisadores desenvolveram um modelo climático tridimensional. Esse modelo simula a interação de diferentes aerossóis na atmosfera, testando materiais como alumínio, calcita, carboneto de silício, anatase, rutilo e, claro, o diamante.
Por que o diamante seria a melhor opção?
Os resultados foram surpreendentes. Após 45 anos de simulação, o diamante se destacou como o material mais eficaz na reflexão da radiação solar, enquanto o dióxido de enxofre foi o menos eficiente. Contudo, persiste um grande obstáculo: o custo exorbitante da operação.
Sandro Vationi, primeiro autor do estudo, explica que, para atingir a meta de resfriamento de 1,6 °C, seria necessário um investimento de US$ 200 trilhões até o final do século XXI. Isso equivale a cerca de R$ 1,1 quatrilhão. Essa quantia é impressionante, especialmente quando se considera que o PIB global em 2023 foi de aproximadamente US$ 105,44 trilhões, segundo dados do Banco Mundial.
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Em resumo, a proposta de injetar pó de diamante na estratosfera oferece uma visão intrigante sobre a geoengenharia. No entanto, as questões econômicas levantam dúvidas sobre as opções de implementação na escala global. Portanto, a busca por alternativas sustentáveis e acessíveis continua sendo um desafio crucial para a comunidade científica e para a sociedade.