Cientistas renovam esperança de trazer de volta o dodô

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Extinto há mais de três séculos, o dodô — ave endêmica da ilha de Mauritius, no Oceano Índico — pode estar mais perto de voltar a existir. A empresa americana Colossal Biosciences, especializada em projetos de “de-extinção”, anunciou ter alcançado um marco inédito na manipulação de células germinativas de aves, o que abre caminho para recriar geneticamente o animal.

O avanço científico

A equipe conseguiu cultivar células germinativas primordiais de pombos, que dão origem a espermatozoides e óvulos. Essas células serão transferidas para galinhas geneticamente modificadas, que atuarão como mães substitutas. Após a edição genética para recuperar as características do dodô, espera-se que elas possam gerar filhotes da espécie.

Segundo Ben Lamm, CEO da Colossal, o prazo para ver os primeiros dodôs em liberdade pode variar de cinco a sete anos, bem abaixo das estimativas iniciais de 20 anos. O projeto também prevê a seleção de áreas seguras e livres de predadores invasores em Mauritius, onde os animais poderiam ser reintroduzidos.

“Não queremos criar apenas dois dodôs; buscamos formar uma população com diversidade genética suficiente para prosperar de verdade”, disse Lamm.

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O símbolo da extinção

Os dodôs (Pezophorus solitarius) desapareceram em meados do século 17 devido à caça e à introdução de espécies invasoras, como ratos e porcos, levados por colonizadores. O último registro confiável foi feito em 1662. Desde então, a ave se tornou um ícone global da perda de biodiversidade.

Para Beth Shapiro, cientista-chefe da Colossal, o trabalho representa um “marco empolgante”. Ela reconhece, no entanto, que a edição genética de aves é mais complexa que a de mamíferos, e que o processo de reintrodução será “lento, cuidadoso e deliberado”.

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Os desafios da de-extinção

Apesar do otimismo, especialistas pedem cautela. Para Leonardo Campagna, biólogo do Cornell Lab of Ornithology, recriar um dodô “fiel” à espécie original é um desafio enorme:
“É difícil compreender toda a arquitetura genômica do dodô e como seus genes interagiam com o ambiente. O resultado pode ser mais uma simulação do que um retorno verdadeiro.”

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